domingo, 2 de dezembro de 2012

O nosso encontro distante!



O dia da formatura. Enfim, jornalistas!
Ivan Vieira, Denise Newmann, Jussara Veron (de pé, ao fundo).
Vera Haas, eu, Marcio Martins, Rosa e Karine (embaixo)
Corria o ano de 1982. Era já o segundo semestre e marcava o meu retorno à UNISINOS, depois de seis meses distante. Uma transferência do meu pai, que era militar, me levara junto, de volta ao Maranhão – terra natal que trago no nome/apelido, graças à professora Elvira Coelho que assim me batizou já no primeiro dia de aula. Lembro como se fosse hoje:

Professora Elvira
Qual é o seu nome, meu filho?
Inorbel, professora.
Como?
Inorbel.
Silêncio.
De onde você veio, menino?
Do Maranhão, professora.
Ah! Eu também sou de lá. Mas olha, vai ser difícil lembrar esse nome. Eu acho que de hoje em diante vamos te chamar de Maranhão. Maranhão Viegas.
Pronto, foi o meu segundo e mais definitivo batismo.
Virei Maranhão Viegas para o resto do tempo de faculdade e para o resto da vida.

 Como eu dizia, o segundo semestre de 1982 marcava o meu retorno à UNISINOS, depois de seis meses distante. Nesse meio tempo, recorri ao professor Francisco Araújo através de cartas, longas cartas. Naquele época a internet era ainda obra de ficção científica pra nós. Na mais importante das cartas que escrevi ao Araújo, falei sobre a vontade de voltar para completar o curso de jornalismo onde havia começado. Mas que enquanto isso não era possível, que eu faria um curso de cinema e queria a sua orientação, o seu monitoramento, mesmo à distância.

Araújo gostou da carta e resolveu lê-la para outros alunos na UNISINOS. No dia em que ele leu a carta, havia uma de jornalismo chamada Mara Franke dentro da sala. Araújo leu e comentou a carta. Lembrou o nome de quem tinha escrito e disse que pelo nome verdadeiro, pouca gente se lembraria do autor. Mas ao falar o apelido, a memória de muitos se avivou.

Para Mara, no entanto, foi a primeira vez que ouvira aquele nome. Ela havia trocado havia pouco, o curso de Geologia pelo de Jornalismo. Se dava melhor com as letras do que com as rochas. Mara me confessaria mais tarde que sentiu uma imensa vontade de conhecer aquele cara da carta.

O tempo passou e eu, de fato, consegui voltar à UNISINOS. E já no primeiro semestre da minha volta, em 1982, junto com a Flávia Divina da Cunha – a Xutopia –, o Elton Scartazinni (nosso Alemão) e o Gilmar Rodrigues, criamos o LEV – Movimento de Livre e Espontânea Vontade, que apresentava esquetes nos intervalos das aulas, ao ar livre. Foi um movimento leve (como o nome sugeria) e ligeiro. Mas foi o suficiente para provocar um encontro real entre eu e Mara.

Ao final de uma esquete ela se aproximou, elogiou o trabalho e me convidou para um café em sua casa. Eu achei que era tudo verdade, principalmente o convite para o café. E fui. Para nunca mais sair de lá. Isso faz 30 anos.

No dia do casamento, a turma foi para ter certeza e "apadrinhar".
Jussara, Deraldo, Denise, Alexandre, Karine e Luciane.
Eu e Mara, sentados e felizes.
Como veem, a UNISINOS, a professora Elvira e o professor Araújo tiveram uma participação definitiva em nossas vidas. Nosso casamento rendeu uma longa estrada, muitos desafios jornalísticos, dois filhos (uma cineasta e um formando em farmácia), muito amor, carinho e cumplicidade.

Só isso (tudo) já justificaria a emoção de nos encontrarmos com estes e outros personagens que jamais sairão da nossa vida. Não me arrisco a falar todos os nomes, mas sintam-se todos (viu, Luiza!) presentes em nossa memória mais afetiva.

Gostaríamos – eu e Mara de poder participar deste encontro. Não foi possível. Mas eu tenho certeza, haverá outros.
Um beijo carinhoso, cheio de afeto e agradecimento.

* Hoje,dia 2 de dezembro de 2012, os ex-alunos do Curso de Comunicação Social da UNISINOS, se reúnem no prédio onde funcionou a "sede velha" da universidade, em São Leopoldo. São 40 anos de curso. Muitas histórias. Nós não estamos lá, mas só fisicamente.  

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