Minha irmã, Isabel. |
Chovia a cântaros.
Minha irmã tinha pressa. Precisava ir ao salão de beleza
tratar os cabelos, as unhas, enfim, cuidar da beleza. Ficar "no jeito" para uma festa à noite.
Entrou no carro, ligou e saiu. Ao entrar na via principal do
condomínio onde mora avistou uma pessoa na chuva. Chegou mais perto e percebeu
tratar-se de um senhor idoso, acenando, aflito, com uma bengala na mão.
Ocorreu-lhe uma dúvida e um medo. Os tempos não estão para
dar carona a ninguém. Mas a vontade de ajudar aquele velhinho foi maior que a
dúvida e mais forte que o medo. Ela parou.
Baixou o vidro do carro e escutou o velhinho pedir carona
até o açougue, um pouco além do lugar onde ela precisava ir. Minha irmã
refletiu. Olhou o relógio. Certamente se atrasaria. Olhou o velhinho na
chuva... Decidiu dar carona.
Ele deu a volta e pediu para sentar-se no banco de trás.
Minha irmã achou estranho, mas consentiu. Desceu do carro e o ajudou a colocar
o sinto de segurança. Partiu.
O silêncio foi quebrado quando o velhinho lhe disse: “Ali na
portaria, vou me abaixar, para que não me vejam”. Negativo, disse minha irmã,
já um pouco assustada.
Chegando à portaria, desviou do local por onde normalmente
saem os moradores e aproximando-se da guarita, baixou o vidro e comunicou aos
guardas de plantão: “Olha, estou dando
carona a este senhor que me pediu para deixá-lo ali embaixo, no comércio”.
Um dos guardas se aproximou. Olhou para dentro do carro e,
reconhecendo o caronista, disse: “Seu Vicente, o senhor tentando fugir, outra
vez?” Minha irmã levou um susto.
Fugindo? Perguntou minha irmã. Sim, senhora – respondeu o guarda. A senhora
não é a primeira. Ele tenta essa mesma fuga várias vezes ao dia. A família dele
sai para trabalhar. Ele tem ordens para
não sair de casa, mas sempre tenta dar uma escapadinha.
Seu Vicente observando tudo, num silêncio que valia por uma
confissão. Minha irmã olhava o relógio,
já atrasada e perguntou se deixando seu
Vicente ali eles o levariam até em casa. O Guarda deu de ombros e disse “a
senhora não se preocupe, pode deixa-lo ai, ele volta a pé e sozinho, já está
acostumado.
Minha irmã comoveu-se. Deu meia volta com o carro e foi até
a casa dele. No caminho de volta ainda ouviu seu Vicente resmungar, como se falasse consigo mesmo: “Esta senhora
parecia tão educada... Nunca pensei que fosse me
denunciar na portaria.”
kkkkkkkkkkk... coisas de criança, né Maranhão?
ResponderExcluirBjks,
Feliz Natal!!