Orlando, Leonardo e Cláudio. Boas interpretações no filme Xingu. |
Hoje, me vejo em frente à telona assistindo a história romanceada da vida e da luta deles. Um quê de nostalgia e deslumbramento me toma ao reencontrar personagens tão íntimos da minha vida. Tão pertos e tão distantes eles estiveram de mim, nesse tempo todo.
Cena do filme Xingu |
Enquanto assisto, me dou conta de que o tema é controverso. Vai despertar longas discussões entre os que defendem os índios e os que defendem o progresso. Como se um fosse a antítese do outro. O embate será rico, apaixonado e interminável. Mas não é sobre isso que eu quero falar.
Penso na capacidade dos nossos "irmãos americanos do norte". Eles têm uma habilidade invejável para transformar personagens de sua história, controversos ou não, em mitos do cinema. Nós, brasileiros, temos um cacoete incontrolável para destruir reputações. Busco na memória por exemplos que me contradigam e encontro apenas dois: Pelé e Airton Senna.
No mais, somos viciados em pregar peças, em ridicularizar histórias, em transformar feitos em chistes. Duvida? Vou citar um único exemplo - Rubens Barrichello. Nascido nos EEUU, a história dele seria motivo de orgulho, serviria de exemplo de dedicação e perseverança. Mesmo sem ter sido campeão uma só vez, num esporte em que os campeões são figuras do porte de semi-deuses.
Nascido em terras tupiniquins, Rubinho é exemplo de fracasso. Mote invariável de piadas.
O que me faz pensar sobre isso é o fato de que eu senti um orgulho danado ao gastar pouco menos de duas horas assistindo Xingu, no cinema. Rever meus velhos conhecidos das páginas de livros escolares, vê-los transformados em personagens vibrantes da história do Brasil e saber que aquela saga, tirante um ou outro detalhe, resultado da liberdade poética do diretor, aconteceu de verdade me obrigou a reencontrar o meu país. Pude rever com olhos adultos e maduros a história dessa cruza entre nativos e estrangeiros.
Caio Blat, João Miguel e Felipe Camargo - Os irmãos Villas-Bôas |
Uma frase dita pelo personagem de Cláudio Villas-Boas é o resumo dessa história. Refletindo em voz alta ele diz: "Nós seremos o veneno e o antídoto dessa gente". É ou não motivo suficiente para sair da cadeira e correr para um cinema mais próximo? Quer mais um empurrãozinho? Clique aí embaixo e veja o trailer. Depois, fique à vontade pra registrar aqui, no espaço para comentários, o que achou do filme.
"Nós seremos o veneno e o antídoto dessa gente". E assim foi. Assim como os indios sao o veneno e antidoto do progresso. E assim é.
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