segunda-feira, 26 de setembro de 2011

¿Que pasa, Bolívia?

Recebendo o diploma de jornalista
das mãos do mestre Pedrinho Guareschi
Na faculdade de jornalismo, havia uma disciplina chamada "Sociologia da Comunicação". Quem ministrava essa cadeira, no tempo em que eu estudava na UNISINOS, era o Pedrinho Guareschi. Foi dele que ouvi pela primeira vez a definição de "Comunicação Horizontal e Vertical". Um conceito usado para explicar um fenômeno comum: A nossa absoluta ignorância sobre o que se passa em países vizinhos (comunicação horizontal)  e a nossa total dependência de informações produzidas pelas grandes agências internacionais, comumente localizadas na Europa ou nos Estados Unidos (comunicação vertical).

Para compreender melhor: De maneira geral, nós não sabemos o que acontece na Argentina, no Paraguai ou na Bolívia, por exemplo. Apesar de sermos vizinhos, a notícia que recebemos desses países é o que é apurado pelas grandes redes ou pelas agências de notícias. Ou seja, a notícia da América Latina passa pela Europa ou pelos Estados Unidos antes de desembarcar no Brasil.

Roberto Rojo
Esse raciocínio me veio à mente porque acabo de receber duas mensagens preocupantes, enviadas por um diretor de cinema boliviano - Roberto Além Rojo - e pela minha comadre, arquiteta, que vive em Cochabamba, Liliana Bayá. Os dois me escrevem para falar sobre um episódio ocorrido neste fim de semana, em que o exército boliviano marchou com força e violência sobre um grupo formado por representantes de vários povos indígenas bolivianas, que há 41 dias faz um protesto contra a construção de uma estrada federal, que dividirá em dois o Parque Nacional Isibro Secure.

Liliana Bayá


De acordo com as mensagens dos dois, houve violência desmedida contra homens, mulheres e crianças. Dizem que há pelo menos uma criança morta e 37 pessoas desaparecidas. E um detalhe chama a atenção: No meio do conflito há uma construtora brasileira - a OAS, que será a responsável por construir a estrada, ao custo estimado de U$$ 1,3 milhão por KM.

O projeto da estrada, dizem eles, tem o apoio dos produtores de coca, base de sustentação do governo do presidente Evo Morales. O ex-presidente brasileiro, Luis Ignácio Lula da Silva, esteve na Bolívia há mais de um mês tratando, entre outras coisas, deste assunto.

Imagens do conflito entre exército e indígenas.
Fotos: Jornal Los Tiempos
As fotos do conflito, pubicadas pelos jornais locais dão uma pequena idéia do que aconteceu. Os jornais dizem que o presidente Evo informa que haverá um plebiscito para saber se a população quer ou não a construção da nova estrada. Também está publicado nos jornais que a ministra da Defesa da Bolívia, Cecília Chacón, renunciou ao cargo hoje de manhã, por não concordar com a posição do governo e com a ação do exército. Sobre o confronto, Evo Morales ainda não disse nada.

No Brasil, nenhum veículo de comunicação registrou qualquer notícias sobre esse conflito. Meus amigos bolivianos, entretanto, me mandaram links de publicações locais onde se pode ler mais sobre o assunto. Seguindo as lições do velho mestre Pedrinho Guareschi, utilizo esse modesto espaço para praticar minimamente o que se poderia chamar de "exercício de comunicação horizontal". É a minha parte. E não vou me furtar de fazê-lo.

Jornal Página Siete

Jornal Los Tiempos

Jornal Opinion



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