Naquele dia, eu estava em minha mesa de trabalho, com a TV ligada. Eu estava secretário de comunicação da Prefeitura Municipal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Uma terça-feira comum, como outra qualquer. Até que a programação das principais emissoras de TV do país fosse interrompida, por uma notícia urgente.
A primeira informação era a de um grave acidente aéreo, envolvendo uma das torres gêmeas, símbolo máximo da arquitetura e do “american way of life”, em Nova York. Informações confusas, repórteres emitindo falas vagas, surpresa e apreensão.
Com um telefonema, interrompi uma reunião do prefeito, à época, André Puccinelli, para avisar-lhe do acidente. Ele estava fora da prefeitura, participando de uma reunião na secretaria do Desenvolvimento Econômico e do Turismo. Ele registrou o fato sem dar muita importância. Seguiu a reunião.
Não demorou muito, quando algumas emissoras de TV já transmitiam ao vivo as cenas do primeiro acidente, o mundo inteiro se deu conta da singularidade do momento. Um segundo impacto pode ser assistido, ao vivo e a cores, por milhões de pessoas: a outra torre, atingida por outro avião. Veio a certeza de que os Estados Unidos estavam sob um ataque terrorista.
A tese se confirmou com a notícia de dois outros episódios: um avião atingindo o Pentágono e outro, que voava em direção à Casa Branca, caído em uma rota anterior ao alvo. A reunião do prefeito André e de seus assessores foi interrompida definitivamente. Os olhos de todos, atônitos, ficaram grudados na programação das TVs. Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, como de resto no mundo todo, aquela terça-feira, 11 de setembro de 2001, acabara de entrar, definitivamente, para a história.
Os desdobramentos desse episódio, todos conhecem.
O sofrimento de quem estava lá e morreu. O sofrimento de quem não estava lá, mas tinha parentes, amigos, conhecidos, e os viram morrer sem poder fazer nada. O sofrimento de quem lutava pra salvar alguém ou algo em meio aquele caos. O sofrimento, enfim... Todo tipo de sofrimento que derivou daquele momento.
O terror mirou nos Estados Unidos e acertou no mundo inteiro. A reação americana foi dura. O prenúncio de uma terceira guerra nunca esteve tão mais vivo. Mas esta seria uma guerra diferente. Sem um inimigo presencial. Seria o poderio bélico de americanos e aliados contra um inimigo suposto, invisível e midiático. Um inimigo com ramificações microscópicas, um polvo tecnológico de proporções imensuráveis.
Dez anos se passaram até que o ícone do terror, Osama Bin Laden, fosse capturado e morto. Milhões de dólares gastos, pelo menos duas grandes crises financeiras mundiais, pequenas e significativas revoluções políticas em países do oriente médio, milhares de soldados e civis mortos em uma guerra sem fim ao terror...
O mundo, definitivamente, é outro, hoje. Olhando para trás, ainda guardo o impacto daquelas explosões. No transcorrer do tempo penso que perdemos mais do que ganhamos. Perdemos o sossego, a tranqüilidade. Em alguns casos, perdemos a confiança, perdemos a noção do que é seguro. Perdemos direitos elementares – como o de ir e vir, a qualquer hora, para qualquer lugar e a qualquer momento. Como eu disse, todos, perdemos mais do que ganhamos.
Olhando para frente, carrego comigo uma certeza: A grande vítima desse longo episódio atende pelo nome de Liberdade. E é em nome dela que faço essa pequena reflexão. Torcendo internamente, com toda a minha força, para que um dia, a liberdade possa, de novo, abrir suas asas sobre o mundo. Sobre todos nós.
Bem, não fora milhões de dólares gastos, e sim trilhões de dólares gastos :)
ResponderExcluirA guerra Iraque/Afeganistão chegou a custar 1 bilhão de dólares por dia. Dinheiro esse suficiente para acabar com a guerra amenizando a miséria daquele povo, porém amenizar a miséria não dá tanto lucro quanto construir bombas.