Ah,
minha “gorda” linda, minha bicicleta.
Ontem à tarde, alguém a levou, no Campus
Universitário.
Tento convencer-me de que, talvez, tenha sido ela quem resolveu se
mandar. Porque era uma bicicleta especial, com personalidade e não ia se deixar montar
assim, por um desconhecido qualquer, tão facilmente.
Afinal, a nossa relação era de
longo tempo, éramos amantes fiéis.
Ou quase...
Minha
gordinha... Sinto uma dor no peito ao pensar em sua ausência. Eu reconheço que já a vinha traindo com um outro modelo, mais moderna, mais “magrinha” e com, ufa, 25 marchas de velocidade! Um
presente que ganhei do meu grande amigo Eduardo Scott. Bastava subir e ela já
disparava, como uma louca pelas ruas, em alta velocidade.
Ramon y su "gordita" |
Mas
eu gostava tanto da minha “gordinha”… Que é que vou fazer? Éramos tão íntimos,
ela sabia tudo de mim e eu dela… Era uma “gordinha” bem solta, sem freios. Para
contê-la era preciso mais jeito e menos força. Para conseguir pará-la, era só
dar uma pedalada para trás.
Deus
queira que o ladrão lhe trate bem e lhe respeite, como eu. Ela não suportaria
maus-tratos. Que seja cortes, não abuse dela. Como toda bicicleta-amiga, ela tem
direito a um descanso, não é mesmo?
Pois, que a trate bem, então. Que a deixe limpinha, cuide da sua
pintura, que não lhe dê solavancos e nem a meta em buracos, certo?
E
que a gorda se aproveite dele como se
aproveitou de mim, até decidir ir embora!
Por fim, uma confissão:
Eu trocaria,
sem pestanejar, duas magras pela minha gorda!
Tradução livre e adaptação de Maranhão Viegas para história real e original de Ramon Rocha Monroy, um dos melhores cronistas que a Bolívia (e, mais especificamente, Cochabamba) já deu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário