terça-feira, 4 de outubro de 2011

Veloz

                                                                                                                                                    
Por Marcelo S. Tognozzi*

Numa época em que tambores e troncos ocos eram as mídias, a África negra dominou a tecnologia da comunicação veloz, fazendo com que uma mensagem percoresse centenas de quilômetros no meio da selva em um par de horas.

O segredo das tribos africanas era uma técnica de percussão que imitava o som das palavras. Estes sons de palavras, verdadeiras frases, eram repetidos por uma rede de percursionistas até o destino. E depois faziam o caminho inverso com a resposta.

Na Grécia antiga, os meios de comunicação eram redes de faróis por onde a informação fluia cruzando grandes distâncias em pouco tempo, fazendo circular as principais notícias sobre a guerra do Peloponeso  500 anos antes da Era Cristã.

Enquanto os africanos usavam o som e os gregos a luz, os índios da América do Norte se comunicavam por sinais de fumaça, que, como no caso dos tambores africanos e faróis gregos, eram replicados por uma rede. James Gleick conta esta história no livro “The information: a History, a Theory, a Flood”, lançado poucos meses atrás nos Estados Unidos (pode ser baixado no Kindle).

A primeira transmissão de mensagem por Morse
Mas em todos estes casos, a produção e distribuição de informação privilegiava apenas uma elite. O surgimento do telégrafo de Samuel Morse nos anos 1830 acelerou a democrtização da comunicação, porque os analfabetos podiam enviar telegramas que eram ditados aos telegrafistas. Logo surgiram o telefone e o rádio, com voz em tempo real, decolamos para a TV e agora navegamos a internet, que juntou e misturou tudo isso.

 O livro de Gleick acaba inevitavelmente nos remetendo para o modelo de redes sociais surgido neste século XXI, porque os tambores africanos, os faróis gregos e a fumaça dos índios, tinham o mesmo objetivo: compartilhar. Evoluimos do compartilhamento restrito para a democratização. Desde sempre o homem teve necessidade de dividir,  repartir, trocar informação, levar e trazer perguntas e respostas, e para saciar isso se comunica intensamente.

Parodiando o Chacrinha, nestes tempos de Facebook e Twitter quem não compartilha se trumbica. Não é por outro motivo que as redes sociais se tornaram os templos do compartilhamento da informação. A ponto de muitas pesquisas qualitativas revelarem que boa parte do público entre 18 e 35 anos se informa basicamente através delas.

As pessoas comentam a primavera árabe nas redes socias, a langerie da Gisele Bundchen, mas também falam do que está acontecendo na esquina de casa – a greve nos transportes, o buraco na rua, as crianças na pracinha. Todos nós produzimos e distribuímos informação e assim se constrói a a sociedade do compartilhamento. Veloz, cada vez mais veloz.

Marcelo S. Tognozzi* é Jornalista, com J maiúsculo.
É plugado all the time. Estreia aqui com esse texto, já tarde.
Ele sabe que tem espaço garantido para falar
sempre e quando quiser. Seja bem-vindo, Marcelo.
A casa é sua.

Um comentário:

  1. Maranhão querido, com este edição linda de boas vindas o batismo tá mais do que feito. Obrigado pelo carinho.

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