Talvez sejam os ares de Brasília. Talvez, a seca. Talvez, a insegurança política. O fato é que ontem foi meu último dia de cabelos compridos neste ano de 2010. Cansei do visual. Cortei. Mudei. Diferente do mitológico Sansão, não perdi as forças. Me senti mais forte.
Acaso ou não, apesar da noite mal dormida, amanheci mais leve, com a notícia que virou de cabeça para baixo a eleição em Brasília: Roriz sai de cena. Frustrado pelo resultado do julgamento de seu recurso no STF, que entrou madrugada a dentro sem dar-lhe uma decisão confortável, o velho coronel pediu pra sair.
Acho que é a sua última cena. Melancólica. É um desfecho de cinema, para um movimentozinho modesto, que começou com meia dúzia de assinaturas, cresceu e virou lei. Uma lei que pede mais transparência e que impede pessoas enroladas com a Justiça de disputarem cargos públicos.
Hoje, um dia depois de ter decidido cortar o cabelo, junto-me aos milhões de brasileiros que imaginam que esse país ainda tem jeito. Com a cabeça mais arejada. Graças ao 1011 (lê-se dez, onze), apelido de um amigo, repórter cinematográfico aqui da produtora onde estou trabalhando, meu último cabelo comprido do ano ficou registrado. A foto é dele. E vai me lembrar sempre deste dia em que a política de Brasília, de fato, começou a trilhar sua nova história.
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