quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Houve uma vez...

Corria o ano de 1977. Eu fazia a minha primeira aventura cigana, aos quinze anos. Depois de passar férias em São Luis, de onde tinha saído havia cinco anos, aceitei o convite para ficar na casa dos meus tios e fazer o primeiro ano do antigo científico, no Colégio Marista.

A casa do tio Zé e da Tia Belinha ficava no Beco do Seminário, por trás da Igreja de Santo Antônio. Foi um tempo de reencontro com a minha história, com as minhas raízes, com meus amigos de infância e com gente nova, que de alguma maneira influiu muito no que eu sou hoje.

O ano foi rico. Tive as minhas primeiras noitadas na Madre Deus. Aprendi a jogar frescobol com o Carlinhos, meu primo de Fortaleza. Descobri Milton Nascimento e o Clube da Esquina, com o Adir - um colega de faculdade de Carlinhos. Namorei Maria Tereza, minha primeira grande paixão. Atravessei a ponte de São Francisco inúmeras vezes. De dia, em direção à praia de Ponta da Areia. À noite, para os cinemas e discotecas.

Naquele ano, Elvis foi encontrado morto, em uma banheira, em Graceland. Lembro como se fosse hoje a chamada do Jornal Nacional, em que um consternado Cid Moreira Dizia: Agora à noite, o Hospital Batista de Menphis informou que Elvis Presley foi encontrado morto pelo seu empresário (confira o vídeo no final desse post).

Foi um choque. Do mesmo jeito que foi um choque, também, a explosão de um outro sucesso pop, naquele mesmo ano. Surgia Peter Frampton, um guitarrista com cara de anjo barroco. Ele tocava lindamente uma balada que virou febre mundial e aplacou um pouco a tristeza pela perda de Elvis: Baby, I love your way.

Hoje, 33 anos depois, abro o jornal e vejo o rosto de Frampton, careca e mais gordo, estampado nas manchetes. Ele está em Brasília para um único show. Um filme passa em minha cabeça. São Luis, Tio Zé, Madre Deus, Tereza, Ponta da Areia, Milton e Elvis. É bom ouvir os timbres do passado.

Encontro no You Tube e reparto com vocês nesta manhã de setembro, duas pedras de toque daquele distante ano de 77: as reportagens do Jornal Nacional e a música de Frampton.



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