segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Foto de Sioma, poesia de Karine

Sioma Breitman e sua esposa
Karine me manda um link que me leva ao acesso privilegiado ao seu mais recente filme, Sioma. Assisto e fico emocionado. Um curta que conta a história da fotografia, que resgata outras histórias, que perpetua a sensibilidade.

Um fotografo judeu-ucraniano, Sioma Breitman, radicado em Porto Alegre, desde o início do Século passado, registrando com seu olhar poético o cotidiano, a sociedade, as transformações do mundo. Se estivesse vivo, estaria completando 110 anos agora. Suas fotos venceram o tempo e a distância, tem vida eterna.

Karine Emerich é minha amiga desde os tempos da faculdade de jornalismo, no Sul. Desde que a conclusão do curso nos separou, ela já fez curso de cinema em Cuba, já viveu quase uma década em Portugal e, já faz alguns anos, voltou para o seu “porto seguro”, de onde esgrime com maestria a direção de uma câmera de cinema. Sua lente, sempre atenta e poética, tem produzido filmes e documentários de grande valor.

Marcio Martins, Denise Neumann e Karine Emerich.
Amigos do tempo da faculdade de Jornalismo, na UNISINOS.
O subtítulo de Sioma – “O papel da fotografia” lhe cai bem. Mas poderia ser outro, sem nenhum prejuízo: Sioma – “A poesia fotografada”. O curta, de 15 minutos,  tem ritmo e emoção. É dirigido em conjunto por Karine Emerich e Eneida Serrano, pesquisadora e fotografa dedicada a desvendar história em forma de imagem.

Karine e Eneida
As meninas foram buscar, por meio de anúncios de jornal, as pessoas por trás das fotos. Famosos e anônimos desfilam num roteiro poético e numa edição harmoniosa, sob uma trilha sonora de fino trato. Há trechos emocionantes dos filhos de Sioma – já senhores de idade – relatando a paixão do pai pela arte de fotografar e a relação inseparável dele com a sua Roleiflex.

O "Negrinho José" no passado e hoje. 
Há emoção também no reencontro do fotografado com a sua foto. O presente, o “negrinho José”, morador de rua em Porto Alegre, cara a cara com o passado, o menino negro, de olhos vivos e lábios grossos, registrado pelo olho mágico de Sioma.

Helena, noiva sob a lente de Sioma. 
As senhoras, seus vestidos de noiva, suas histórias duradouras de amor eternizadas no famoso estúdio fotográfico da Rua da Praia, uma tradição na metade do Século XX, em Porto Alegre. Também permeia o documentário a imagem do caráter, traduzida nos olhos anônimos do cidadão de rua. Sioma era um mestre.

A força do caráter, nos olhos anônimos. Por Sioma. 
Por enquanto, o filme já recebeu pelo menos dois prêmios importantes, um no Festival de Cinema de Gramado e, outro, no Recine - Festival Internacional de Cinema de Arquivo. Mas tudo indica que a carreira será longa.


Alice Urbin entrega prêmio do Festival de Gramado a
Eneida e Karine. 
Também por enquanto e exatamente porque ele segue disputando festivais, só é possível ver-lhe o trailer. Mas não demora e a gente vai poder deleitar-se com a volta ao passado no imaginário eternizado de Sioma.


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