Sioma Breitman e sua esposa |
Karine me manda um
link que me leva ao acesso privilegiado ao seu mais recente filme, Sioma. Assisto e fico emocionado. Um
curta que conta a história da fotografia, que resgata outras histórias, que
perpetua a sensibilidade.
Um fotografo judeu-ucraniano, Sioma Breitman, radicado em Porto Alegre, desde o início do Século
passado, registrando com seu olhar poético o cotidiano, a sociedade, as
transformações do mundo. Se estivesse vivo, estaria completando 110 anos agora.
Suas fotos venceram o tempo e a distância, tem vida eterna.
Karine Emerich é
minha amiga desde os tempos da faculdade de jornalismo, no Sul. Desde que a
conclusão do curso nos separou, ela já fez curso de cinema em Cuba, já viveu
quase uma década em Portugal e, já faz alguns anos, voltou para o seu “porto
seguro”, de onde esgrime com maestria a direção de uma câmera de cinema. Sua
lente, sempre atenta e poética, tem produzido filmes e documentários de grande
valor.
Marcio Martins, Denise Neumann e Karine Emerich. Amigos do tempo da faculdade de Jornalismo, na UNISINOS. |
O subtítulo de Sioma
– “O papel da fotografia” lhe cai bem. Mas poderia ser outro, sem nenhum
prejuízo: Sioma – “A poesia fotografada”. O curta, de 15 minutos, tem ritmo e emoção. É dirigido em conjunto
por Karine Emerich e Eneida Serrano, pesquisadora e
fotografa dedicada a desvendar história em forma de imagem.
Karine e Eneida |
As meninas foram buscar, por meio de anúncios de jornal, as
pessoas por trás das fotos. Famosos e anônimos desfilam num roteiro poético e
numa edição harmoniosa, sob uma trilha sonora de fino trato. Há trechos
emocionantes dos filhos de Sioma – já senhores de idade – relatando a paixão do
pai pela arte de fotografar e a relação inseparável dele com a sua Roleiflex.
O "Negrinho José" no passado e hoje. |
Há emoção também no reencontro do fotografado com a sua
foto. O presente, o “negrinho José”, morador de rua em Porto Alegre, cara a
cara com o passado, o menino negro, de olhos vivos e lábios grossos, registrado
pelo olho mágico de Sioma.
Helena, noiva sob a lente de Sioma. |
As senhoras, seus vestidos de noiva, suas histórias
duradouras de amor eternizadas no famoso estúdio fotográfico da Rua da Praia,
uma tradição na metade do Século XX, em Porto Alegre. Também permeia o
documentário a imagem do caráter, traduzida nos olhos anônimos do cidadão de
rua. Sioma era um mestre.
A força do caráter, nos olhos anônimos. Por Sioma. |
Por enquanto, o filme já recebeu pelo menos dois prêmios
importantes, um no Festival de Cinema de Gramado e, outro, no Recine - Festival Internacional de Cinema de Arquivo. Mas tudo
indica que a carreira será longa.
Alice Urbin entrega prêmio do Festival de Gramado a Eneida e Karine. |
Também por enquanto e exatamente porque ele segue disputando
festivais, só é possível ver-lhe o trailer. Mas não demora e a gente vai poder
deleitar-se com a volta ao passado no imaginário eternizado de Sioma.
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