terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Bailongo!


Volta e meia, Mauro Di Deus me estende a mão e me alcança, sempre, um bom programa cultural. Desta última, me fez chegar ao show "Bailongo", de Yamandu Costa e Guto Wirtti. O Yamandu eu já conhecia de outras plagas. Guto foi uma grata surpresa. Ver os dois, juntos, foi uma viagem agradabilíssima.

Yamandu Costa e Guto Wirtti
Os dois contam histórias curtas, enquanto nos encantam com uma música popular vestida em roupa de gala. Sim. O que eles tocam é mais do que clássico, transcende ao convencional. É algo que beira o inexplicável, o intraduzível.

É um passeio musical que percorre o quintal do Brasil e a varanda do mundo. Vai do chamamé ao tango. Da Vaneira a Villa Lobos. Num roteiro que é provinciano e universal, ao mesmo tempo. É preciso escutá-los de perto para compreender. Yamandu e Guto são amigos de infância que nunca se perderam. Talvez, por isso mesmo, o show deles é como uma viagem no tempo. Um resgate, com tudo o que isso possa significar. 

É como encontrar um velho amigo, um amor antigo, uma alma em sintonia, e perceber que o tempo e a distância não foram capazes de apagar da lembrança o que houve de melhor e o que ficou preservado para sempre.


Guto e Yamandu caminham juntos há tempos. E tocam como quem estivesse em uma brincadeira de criança. Com tamanha intimidade com seus instrumentos, com cumplicidade imensa no olhar, com afinação e improviso que - aos olhos de quem os vê tocando - tudo parece muito mais simples e fácil do que verdadeiramente o é.

Guto conta a história de como encontrou o seu "Baixolão", um instrumento menor, muito menor, que um Ciello, mas com uma sonoridade tão grave quanto a batida firme no peito, de um coração apaixonado. Yamandu visita Lupicínio Rodrigues, seu conterrâneo, e dá a Nervos de Aço uma interpretação doce e viril ao mesmo tempo, uma interpretação única, que por pouco não nos tira da cadeira e nos faz sair dançando em meio à plateia.

Talvez eu não consiga traduzir aqui o significado da música que eles fazem. Melhor mesmo é assisti-los. E comprovar a genialidade desses dois jovens músicos brasileiros. Eles, sim, representam o que o Brasil tem de melhor em sua essência.

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