terça-feira, 25 de junho de 2013

De volta à montanha


Por *Innocêncio de Jesus Viégas


Fazer uma visita a um amigo
 é manter viva a chama da amizade.

De volta à montanha
Depois de quase quinze dias no hospital curtindo as dores de uma pancreatite grave, voltei hoje ao meu rancho, em plena recuperação. O poeta Bastos Cordeiro nos disse que: - Para as moléstias do corpo há vários remédios, para as da alma só há um: o amigo.

Vocês todos foram esses amigos que colaboraram para que a minha alma ficasse curada, pois do corpo os médicos se encarregaram. Às vezes, precisamos sofrer para que haja maior entendimento entre corpo e alma. É que ao cuidarmos muito da alma, o corpo se fragiliza para nos lembrar de que existe e merece toda atenção. E, quando cuidamos muito do corpo, nos embelezamos para o mundo, a alma fica triste, aí sofremos as dores que afetam o corpo.

 Nesses longos dias de hospitalização, pude sentir que os amigos se preocuparam com a minha saúde em todas as horas. Uns estiveram de corpo presente à beira do meu leito; outros por telefone e diversos meios eletrônicos, dando-me ânimo; e muitos, mas muitos mesmo enviando seus pensamentos positivos, numa corrente forte e telepática que muito contribuiu para a minha cura.

Agora estou em casa sob os cuidados da incansável Bel, minha rica metade, que velou por mim todo esse tempo. Nesse período doloroso, os filhos, a filha, as noras, o genro e os netos maiores se revezaram em vigília e a família reviveu momentos de ternura e amor filial, para que a viga mestra não tombasse.

Meus caros amigos, venho, nesta epístola, entregar a todos o meu agradecimento e lhes dizer que o corpo está em plena recuperação e a alma resplandecente por ter recebido dos meus queridos irmãos os eflúvios necessários para o meu restabelecimento físico e espiritual.

Não quero lhes dizer que senti atrozes dores. Quem fala por mim é o poeta Fernando Pessoa, que expressa com seus versos, os momentos de amargura que sofri: “– O poeta é um fingidor/ finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente”.

Daqui, do alto das montanhas do Velho Duca, fico a elevar preces ao Criador dos mundos – ao som mavioso do canto do meu galo Cigano – para que Ele ilumine e guarde a todos os que se lembraram de mim e me ajudaram a vencer essa batalha. Gracias à la vida! Obrigado a todos.
  
  *Innocêncio de Jesus Viégas é meu pai e pela plena recuperação dele eu guardo um recesso de vinhos. Até que possamos partilhar, juntos, a primeira taça.         

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