sexta-feira, 21 de junho de 2013

O novo Brasil



Sim, os dias são tensos, românticos ou não.
Há poesia em tudo, mas a poesia destes dias tem a cor cinza.
Escrevi sobre os movimentos quando eles começaram a tomar corpo.
Falava da beleza das ruas cheias, do oxigênio novo nas veias da sociedade e das dúvidas sobre o rumo que tudo isso ainda tomaria.


Hoje, o dia amanhece com um sabor bem amargo em Brasília. E a ressaca se estende 
por todo o território nacional. Não pela beleza de quem foi para as ruas de forma cívica e pacífica.
Mas pelo risco de uma guerra civil anunciada, pautada pela barbárie, pela violência, pelo descontrole, que se assume na figura de mascarados, de bandidos infiltrados na multidão, daqueles que recorrem à covardia do anonimato para romper os limites do socialmente tolerável.

Meu coração se divide entre a alegria de ver meus filhos irem para as ruas (repetindo num espelho temporal e melhorando o que fui em minha juventude - quando também ganhei as ruas e lutei por desejos parecidos) e a angústia de vê-los expostos a esse descontrole social. Os meus e os milhares de outros filhos, de outros pais e mães, que também sonham com um país melhor, mais justo e mais cheio de esperança. 


Meu coração civil, como o de Milton, quer liberdade e quer amor.
Minha cabeça dói em busca de um sentido que justifique a perda de controle de um movimento que,
ao mesmo tempo, mostra e esconde o que estamos surpresos em ver: A nova cara do Brasil.

Vida que segue. 

2 comentários:

  1. Meu Mestre querido, sábias palavras ainda que cheias de lirismo, esperança e fé. Amo vc! O meu Gabriel está de cara pintada lá em Calgary, tb fazendo passeatas em apopio ao Brasil.

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  2. "mostra e esconde o que estamos surpresos em ver".
    É isso, mestre.

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