domingo, 12 de maio de 2013

Whitman e Dona Isabel

Dona Isabel, de volta à casa e à leitura. 
Minha mãe, Isabel,  me pediu um livro. Quem me avisou que ela queria foi meu pai, Inocêncio. Tua mãe pediu para comprar um livro pra ela, "Folhas de Relva", disse-me ele, meio desconfiado da própria existência do livro.

Cheguei à livraria e pedi. O rapaz que me atendeu também  fez uma cara de desconfiança quando eu disse que o livro era para a minha mãe. Ele pesquisou e me trouxe um exemplar de Walt Whitman. Eu mesmo comecei a desconfiar do pedido. O que teria feito "Dona Isabel", aos 70 anos,  ir atrás de um poeta revolucionário e maldito americano?

Wlat Whitman, o poeta maldito de minha mãe.
Comprei. Embrulhei e levei de presente. Mãe, está aqui o livro, mas eu queria que a senhora me disse como é que chegou a esse título e a esse poeta.

Ela riu e rindo me explicou. Diz ela:

Eu estava assistindo o programa da Ana Maria Braga. Ai, aquele cara que faz o personagem do Russo, aquele que é bem malvado com as meninas, na novela das oito, chegou para ser entrevistado por ela. Ele é ruim na novela, mas só lá. "Ao vivo", dando entrevista, ele é uma pessoa bacana. 

E a Ana perguntou se ele estava lendo algum livro naquele momento e ele disse que tinha acabado de ler "Folhas de Relva", do Walt Whitman. E falou tão bem do livro que eu fiquei com vontade de lê-lo. Foi isso. 


Faz dez dias que lhe dei o livro. Ela o lê à sua medida (dia destes, pulei umas partes que não gostei. Achei meio tristes, diz ela.) Na semana passada, a leitura foi interrompida por um susto, uma febre, uma infecção e um internação hospitalar.

Hoje, dia das mães, foi ela quem me deu o presente. Está de volta em casa. Retomando a vida ao lado de meu pai e de seu poeta maldito, Walt Whitman. Beijo, minha mãe.  Feliz dia das mães e feliz retorno à sua casa.

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