quinta-feira, 26 de julho de 2012

130 anos

Luca, por Higa
Higa, o memorialista imagético
Abro o computador e vejo uma foto feita pelo japonês. O japonês é o Roberto Higa. A foto é do Luca Maribondo. O ambiente onde o "japa" fotografou o Luca me remete aos idos dos anos 70. Certamente, cumprindo alguma pauta para o Jornal Diário da Serra,  de Campo Grande, MS, onde os dois trabalharam juntos.

Higa e Luca são dois grandes amigos. Corro o dedo no cursor e vejo que alguém se surpreende com a foto e pergunta; "Luca, o que fizeram contigo?" A pergunta não se explica. Mas também não me sai da cabeça.

Não seria uma pergunta que eu fizesse. Fiquei pensando... Alguém teria feito algo com o Luca? Alguém o teria julgado feio? Bonito? Novo? Velho? Não importa. Intrigado, busquei uma foto recente do Luca. A mim, as imagens das duas fotos revelam uma passagem de tempo e uma conquista:  A  tranquilidade nos olhos.

Luca, dos olhos de tranquilidade
O Luca de agora preserva em um poço mais tranquilo o Luca de outrora. Mas os dois estão ali, íntegros, vivos. E me satisfaço com essa constatação. Nem feio, nem bonito, nem novo, nem velho. Um camarada de expressões vivas, tanto lá, como cá. Com a alma traduzida nos olhos.

O ponto que me liga aos dois - o Luca e o Higa - é a imagem resgatada. Higa é um mestre das imagens.  Um "baú da felicidade memorial". Seus arquivos têm o dom de nos provocar a lembrança de um tempo distinto. Diverso. A lembrança de um tempo em que a vida passava mais lenta. Revendo o Higa e suas imagens me obrigo também a constatar que esse tempo passou muito rápido.

O que nos reúne, os três - Luca, Higa e eu - nos tempos de hoje, talvez seja a capacidade de compreender a passagem do tempo. Nem longo, nem curto. Nem bonito, nem feio. Com os olhos fechados ensaio uma resposta à pergunta inicial: Ninguém fez nada com o Luca. O tempo se encarregou de preservar a essência. É o que importa.

Enquanto escrevo, penso na trilha sonora que melhor caiba a esse texto. E encontro um trabalho muito bem feito pela Pitty e pelo seu companheiro. Os dois formam o Agridoce. Um duo de muito bom gosto. Suave e provocante, como sugere o nome que eles escolheram para se traduzir. Da nova safra, eles acabam de lançar um road movie, que se encaixa como uma luva nessa minha curta história. 130 anos. Uma celebração ao tempo. Para o Luca e para o Higa.

2 comentários:

  1. Oi Maranhão
    Que lindo seu olhar para o tempo e seus amigos, muito bom ler e sentir essa passagem...
    Parabéns!
    Abraços
    Mary Saldanha

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  2. olá, eu sou aquela que fez a pergunta. Interessante, sem saber do seu blog e do que tinha escrito, conclui em um próximo comentário, que ele estava bem melhor. O Luca é como vinho, só vai melhorando. Uva de boa cepa. Concordo com vc, não fizeram nada de mal ao Luca. O tempo só aprimorou sua essência retirando os excessos que encobriam sua luz. Abraços
    Regina Câmara

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