Tereza Guerreiro é uma amiga virtual (no fundo, já a tenho mais como amiga e menos como virtual), que vive em Lisboa e assina um blog cujo título, por si só, já é uma poesia: "Rua dos Dias que Voam". Não é, mesmo?
É lá que Teresa se encarrega de cultivar a memória dos seus, de sua cidade, de seu país. Um manjar para quem aprecia belas imagens e histórias. O blog é assinado também por outras pessoas amigas de Teresa. E é um dos meus preferidos.
Dias destes, fazendo a minha viagem virtual diária pelos blogs que gosto de ler, encontrei um primor de imagem postado lá. Algo datado do final do Século XIX. Um manual de escrita, um raro documento destinado a ensinar a fazer caligrafia. A imagem, reproduzida logo abaixo, foi assim identificada por Teresa:
Hoje em arrumações, organizando a colecção Argonauta, encontro este livrinho destinado às escolas elementares em 1878. Ensina ele a escrever, com lindas e claras caligrafias. Editadas por J. L. Palhares, pois então.
Mas o que me chamou mesmo a atenção foi a cópia de uma das páginas do "Manuscripto" que traz o exemplo de uma carta de apresentação. Na verdade, uma carta que apresenta e pede auxílio ao portador. Um pedido de esmola a um trabalhador desempregado. Eram tempos diferentes aqueles. Tempos de confiança, de solidariedade... Tempos em que era possível gastar o tempo escrevendo uma carta para pedir ajuda a alguém, por outro alguém.
Grata pelo afecto e pela lembrança, além da companhia atenta. Um abraço aqui do outro lado do mar.
ResponderExcluirLembro do tempo em que a caligrafia se ensinava na escola. A repetição no caderno de linhas diferentes, para letras maiúsculas e minúsculas. Minha letra, minha identidade.
ResponderExcluirA solidariedade, buscada na identidade das linhas desenhadas foi ontem e ainda é hoje. Resta saber a quem. Um pedido sempre tem endereço certo. É preciso acreditar.