domingo, 15 de junho de 2014

Short Cuts - Diário da Copa 3

Mãe de meninos 2
Por Renata Sanches

Renata Sanches
Parir dois mequetrefes e viver rodeada de testosterona é uma experiência única sob os pontos de vista mais inusitados.
Todo um padrão estético é desconstruído, um universo de novos personagens surge, e os mais improváveis paradigmas são questionados.

Quando meus meninos ainda estavam na primeira infância, estar numa loja de brinquedos, entre monstros, Transformers, super-heróis e dinossauros me era inédito; criada que fui em meio a uma profusão de irmãs, amigas, primas , tias, avós, bisavós, laços, rendas e frufrus.

Cada prateleira representava um desafio. Saber qual era o monstro "cool" e qual aquele que era "so last season" exigia perspicácia e informações em doses maciças.
Depois vivenciei a lúdica-nipo-fase, que coincidiu com um projeto meu de trabalho no Japão.



Todo final de semana eu despencava para uma daquelas mega lojas em Akihabara, com 8 andares, listinha em mãos, determinada como um sabujo da realeza inglesa, pronta para a caça implacável.
Virei uma expert em Yu-gi-oh, Pokemons, Bakugans. 


A-háaaaaaa.... vcs não contavam com minha astúcia, e sim, eu descobri que as séries difíceis do Diamonds ficavam nas prateleiras mais baixas!! E sabia que as caixas mais bonitas nem sempre continham as cartas mais raras e cobiçadas.
Minha mala voltou com excesso de peso, 80% composto pela arena do Beyblade, caixas e mais caixas das cards, dos bonequinhos e dos mangás.
Outra lição aprendida: sim, meus mequetrefes são geração século XXI, poliglotas e globalizados na hora de brincar, e jamais se intimidaram com o "mero" fato de estar tudo descrito em Hiragana ou Katakana.


E finalmente o grande teste, o capítulo esportivo!!
 Dividido em fases infinitas.
Um é Real, o outro é Barça. Um é vidrado em futebol o outro inventou de lutar Kenjutsu. Um é Bayern de Munique, o outro é Chelsea.
E como comprar as chuteiras de futebol, de futsal, de society! ??


Depois de muito sofrimento, entre chocada com os preços estratosféricos e pasma com a feiura das opções (qual é a menos pior? Calçar uma da cor de limão-marca-texto ou aquela cujo par vem um pé rosa e outro pé azul?), descubro que muito mais grave que ser Fla ou Flu, Coxinha ou Petralha , Marlene ou Emilinha, Londres ou Paris, é ter que me posicionar entre Nike e Adidas!


Em tempos de Copa, rezo para que, em breve, Nossa Sra. do Bom Gosto os ilumine, e que um dia eles queiram praticar apenas tênis, com seus chiquérrimos uniformes branco ou marinho e sapatos que não brilham no escuro!!!! 

Até lá, o olhar de mãe-coruja já até começa a achar que o topete oxigenado do Neymar não é tão ruim assim, e que uma chuteira amarelo-gema pode ser elegante! 

E bora que a bola tá rolando!

(texto dedicado à Vera Eleonora Kaufmann Kocerginsky com todo meu carinho!)





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