Mãe de meninos 2
Por Renata Sanches
Renata Sanches |
Parir dois mequetrefes e viver rodeada de testosterona é uma
experiência única sob os pontos de vista mais inusitados.
Todo um padrão
estético é desconstruído, um universo de novos personagens surge, e os mais
improváveis paradigmas são questionados.
Quando meus meninos ainda estavam na primeira infância, estar
numa loja de brinquedos, entre monstros, Transformers, super-heróis e
dinossauros me era inédito; criada que fui em meio a uma profusão de irmãs,
amigas, primas , tias, avós, bisavós, laços, rendas e frufrus.
Cada prateleira representava um desafio. Saber qual era o
monstro "cool" e qual aquele que era "so last season" exigia perspicácia e informações em
doses maciças.
Depois vivenciei a lúdica-nipo-fase,
que coincidiu com um projeto meu de trabalho no Japão.
Todo final de semana eu despencava para uma daquelas mega lojas
em Akihabara, com 8 andares,
listinha em mãos, determinada como um sabujo da realeza inglesa, pronta para a
caça implacável.
Virei uma expert em Yu-gi-oh,
Pokemons, Bakugans.
A-háaaaaaa.... vcs não contavam com minha astúcia, e sim, eu
descobri que as séries difíceis do Diamonds
ficavam nas prateleiras mais baixas!! E sabia que as caixas mais bonitas nem
sempre continham as cartas mais raras e cobiçadas.
Minha mala voltou com
excesso de peso, 80% composto pela arena do Beyblade, caixas e mais caixas das cards, dos bonequinhos e dos
mangás.
Outra lição aprendida: sim, meus mequetrefes são geração século
XXI, poliglotas e globalizados na hora de brincar, e jamais se intimidaram com
o "mero" fato de estar tudo descrito em Hiragana ou Katakana.
E finalmente o grande teste, o capítulo esportivo!!
Dividido em
fases infinitas.
Um é Real, o outro é Barça. Um é vidrado em futebol o outro
inventou de lutar Kenjutsu. Um é Bayern
de Munique, o outro é Chelsea.
E
como comprar as chuteiras de futebol, de futsal, de society! ??
Depois de muito sofrimento, entre chocada com os preços
estratosféricos e pasma com a feiura das opções (qual é a menos pior? Calçar
uma da cor de limão-marca-texto ou aquela cujo par vem um pé rosa e outro pé
azul?), descubro que muito mais grave que ser Fla ou Flu, Coxinha ou Petralha ,
Marlene ou Emilinha, Londres ou Paris, é ter que me posicionar entre Nike e
Adidas!
Em tempos de Copa, rezo para que, em breve, Nossa Sra. do Bom
Gosto os ilumine, e que um dia eles queiram praticar apenas tênis, com seus
chiquérrimos uniformes branco ou marinho e sapatos que não brilham no
escuro!!!!
Até lá, o olhar de mãe-coruja já até começa a achar que o topete
oxigenado do Neymar não é tão ruim
assim, e que uma chuteira amarelo-gema pode ser elegante!
E bora que a bola tá
rolando!
(texto
dedicado à Vera Eleonora
Kaufmann Kocerginsky com todo meu carinho!)
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