Ontem um dos meus netos, o João Gabriel, de 5 anos, me acordou com um pedido.
– Vô! Você pode fazer para mim uma bola de meia? Aquela frase – a bola de meia – me levou aos 7 anos quando aprendi a fazer uma bola de meia. Me vi menino disputando uma “partida” com os meus saudosos amigos de infância.
Perguntei ao João quem havia falado a ele em bola de meia? Ele respondeu que ganhou uma revistinha que ensinava fazer a bola com ajuda do pai ou do avô. A revista mostrava como fazer a bola: jornal, meia velha, fita crepe, agulha e linha.
Depois de ler a revista e olhar bem o modelo disse-lhe que faria uma bola melhor que a da revista, o que ele logo perguntou:
– Pode ser agora? Lhe respondi que não, pois teria que conseguir o material mas garanti que estaria pronta quando da sua volta da escola. Ele fechou a mãozinha e apontou o punho na minha direção e eu também correspondi com o mesmo gesto e nos tocamos selando o pacto.
Ele foi para a escola todo feliz e eu fiquei mais feliz por ter que recordar os velhos tempos. Depois do café fui garimpar o material.
Peguei um par de meias em bom estado, um pacote de estopa que sobrou da construção e um pedaço de barbante. Aproveitei para fazer também uma para o Luiz Eduardo, o Dudu, outro netinho de 6 anos.
Em poucas horas eu estava com duas lindas bolas cor de vinho e até tentei uma embaixadinha mas a perna não ajudou.
À tardinha o João chegou, foi perguntando pela bola e eu logo lhe entreguei a pelota. Ele, admirado, acariciava-a e apertava-a contra o pequenino peito cheio de esperanças.
O pai dele, o meu filho Ildenor logo o convidou para jogar. Ali mesmo, na sala, passamos ao jogo. O João para o pai, o pai para o avô, o avô para o João e o João para o espelho da sala que não se quebrou por ser a bola muito macia. Bateu e voltou ao “campo”.
Meditando, vi ali três gerações brincando com bola de meia em plena era dos brinquedos sofisticados. Aí lhe pergunto:
– Você meu caro leitor, já fez uma bola de meia para os seus filhos ou aos netos? Não? Quer aprender? Não perca tempo! Apareça aqui no Rancho da Montanha, traga a meia em bom estado e não se preocupe que o restante do material tenho aqui. Mas não esqueça de trazer também uma garrafa de um bom vinho tinto, seco e encorpado, para comemorarmos depois da bola pronta.
Ah! Meus caros amigos, o mundo gira, gira e volta ao mesmo lugar. Em plena copa do mundo de 2014, onde a bola é a principal figura de disputa, estamos falando em bola de meia que embalou nossos sonhos de criança, e logo vamos encontrar três gerações jogando no meio da sala de estar, o futebol da saudade, com uma fofinha bola de meia.
Logo, logo o João e o Dudu estarão jogando no gramado do jardim – entre as flores da vovó Bel – uma animada partida de futebol e marcarão no ato, um gol de placa nos atuais brinquedos eletrônicos ... com uma simples bola de meia.
É goool!!!
* Innocêncio de Jesus Viegas é Teólogo – Escritor. Membro das academias: Acad. de Letras de Brasília; Acad. Maçônica de Letras do DF; Acad. Maçônica de Letras Paranaense; Acad. Maçônica de Letras e Artes do Brasil – GOB; Confraria dos Amigos da Boa Mesa – COMES; Academia Maçônica de Letras do Maranhão (correspondente);
Email – inocencio.viegas@gmail.com
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