quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O carnaval do Victor

Carnaval, do Antônio Victor

Antônio Victor Rego é um grande e velho amigo, dos idos tempos das jornadas cinematográficas, pelo interior do Maranhão. O tempo andou, a vida seguiu e ele virou artista plástico. Hoje, acordei com uma tela dele diante dos meus olhos. Dessas mágicas que a internet permite. Uma cena de fazenda, feita durante uns dias de carnaval. O texto do Victor fala mais e melhor do que qualquer coisa que eu possa dizer.


Logo, logo será carnaval. Preciso definir como ele será este ano. Quando pintei esta tela estávamos curtindo o carnaval de 2013, em Santa Luzia do Paruá, na fazenda de minha querida cunhada Marne e seu digníssimo marido, Zé Rubem, cabra de sangue quente das Alagoas, radicado no Maranhão há mais de quinze anos.

Passei os primeiros momentos estudando o melhor ângulo e me debrucei na tela fazendo o desenho, até com certa rapidez. Porém, a pintura veio lentamente (juro que tinha propósito diferente, desejava ser um Monet com suas pinceladas rápidas, captando a luz do momento como era característica dos impressionistas). Não me incomodei com isso. Ao contrário, trabalhei as tintas tentando conferir ao trabalho as tonalidades que saíssem das entranhas do lugar. 

O clima, sua instabilidade, o vento, o calor do tempo com nuvens pesadas, sem vento e logo depois o vento novamente, agora com o seu sopro meio gelado como prenúncio de chuva. Chuva no sertão tem um gosto diferente, ela faz você ficar diferente. 

Toda essa energia foi captada no momento da feitura da tela e eu queria isso registrado de alguma forma. Foi por isso que saí de lá com a tela não terminada e passei vários dias trabalhando as tintas, na busca da cor que traduzisse aquele momento. Hoje vejo esse trabalho e me sinto como se estivesse lá. Naqueles momentos dos dias de carnaval, sob um tempo de sol e chuva, sentindo o cheiro de terra molhada. O meu sentimento está nesta tela.

Antôno Victor Rego

Um comentário:

  1. Maranhão, que belo quadro! Se for do interesse do Victor, gostaria de mostrar os quadros dele lá no blog. Abraço.

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