terça-feira, 15 de outubro de 2013

Professor/Aluno/Professor


Veruska Donato e Maristela Brunetto, nos tempos da UFMS. 
Abro minha caixa de mensagens e recebo um aviso. Maristela Brunetto fez uma referência a mim, no Facebook. Paro para ler e está lá. Ela a dizer dos professores que tiveram importância em sua vida. E, mais surpreendente, me relaciona entre eles.

Maristela e minha memória me transportam a um passado já distante. Sim. Por um curto período fui professor substituto de Telejornalismo e de Sociologia da Comunicação, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Foi uma passagem rápida, mas que me marcou de forma definitiva. E, pelo visto, também a alguns dos “meus alunos”

Uma boa parte de uma das minhas turmas:
Patrícia Nascimento e Clayton Sales em primeiro plano. 
Muitos deles viraram gente grande no jornalismo e em outros campos de atuação. Maristela Brunetto, Vanessa Amin, Clayton Sales, Patrícia Nascimento, Daniela Naves, Edvaldo BitencourtVeruska Donato, Alexandre Maciel, Eliane Nobre e muitos outros passaram pelas salas onde estive desempenhando o papel de "transmissor de algum conhecimento".  Isso me enche de orgulho e me obriga a pensar na figura do professor em minha vida. Sim, também carrego comigo uma lista de professores que, definitivamente, contribuíram para que eu seja o que enxergo todas as manhãs no espelho.

Com a professora Glória, no dia da formatura, nos idos dos 70.
Em minha memória mais remota, lembro da professora Glória, na Escola Bartolomeu Mitre, em Foz do Iguaçu, no início dos 70. Era a minha preferida, a que mais me provocava e me incentivava a ver o mundo com outros olhos.

Luiz Evangelista
Depois, correndo o trecho Brasil afora, fui dar de encontro com Luiz Evangelista, o nosso querido “Pirulito”, no colégio Marista de Maringá. Trago dele a referência explícita de descoberta da filosofia, dos clássicos e da paixão pela literatura.

Nossa ligação é tão consistente que a vida nos permite, ainda hoje e de vez em quando, nos encontrarmos nas reuniões de ex-alunos da turma de 79.

Já na faculdade, tive um time de “bambas”. Gente que, literalmente mudou minha vida. Elvira Lobato foi a primeira. No primeiro dia de aula me rebatizou e imprimiu o Maranhão na vida do Inorbel. É por obra e graça da Elvira que carrego, desde lá e para sempre, a referência à terra onde nasci transcrita entre os meus nomes de batismo. Ela, mesmo sem saber, me fez assumir o Inorbel Maranhão Viegas.

Na UNISINOS, onde me formei jornalista, os olhos grandes da Luiza Carraveta me ensinaram quase tudo sobre Expressão Oral; me surpreendi com o Brasil plural de Antônio Holfeldt; mergulhei na essência dos problemas que marcam a nossa sociedade com Raul Pont e Pedrinho Guareschi; descobri a dinâmica das redações com Antoninho Gonzales; o teatro me fez artista pelas mãos loucas de Juan Carlos Soza; e Guaraci me ensinou que, não só o cinema mas, a vida exige que a gente mude o ângulo da câmera, vez por outra, para encará-la com nova perspectiva.  Lino e Chardong, que  eram dois, mas sempre me pareceram um só, revelaram os mistérios encantadores da fotografia.

Os professores da minha vida.
São tantos os que me significam a luz do conhecimento, que talvez eu cometa o descuido de esquecer de citar alguém. Peço perdão pelo lapso, mas saibam todos, lhes devo uma dívida impagável.  

Há entre eles, porém, um que me comove. E a quem faço uma referência especial. Francisco Diana Araújo. Meu mestre de Semiótica e Semiologia.

Foi ele quem melhor percebeu minha personalidade nordestina, de menino  assustado e ao mesmo tempo maravilhado, ao desembarcar no Sul. Foi a ele que recorri, quando tive que voltar ao Nordeste, por obra do acaso. E o fiz por meio de cartas escritas com a mesma emoção que me conduz a vida inteira. Uma emoção menos elaborada, por certo, visto que eu era um jovem aprendiz. Mas essencialmente, a mesma emoção que ainda preservo hoje em meus relatos cotidianos.

Foi numa aula dele que a Mara (que mais tarde viria a ser a mãe dos meus filhos) ouviu falar de mim pela primeira vez. Justo pela leitura de uma das cartas que lhe escrevi e que ele achou por bem dividir em voz alta com todos os alunos da sala.

Com ajuda do Araújo, voltei à UNISINOS e concluí o meu curso de jornalismo. Mais tarde, ele carregou Mariana no colo, sentou à mesa de minha casa, comeu e bebeu com os meus. E nunca, nunca mesmo, saiu do meu pensamento.

A ele, em especial, e a todos os outros que trago no quebra-cabeças emocional da minha personalidade, neste dia do professor, eu me declaro agradecido. Por tudo o que me deram e por tudo o que sou.

Valeu, mestres!

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