domingo, 4 de março de 2018

Coelho, coelhinho, coelhada

Uns dias trás, Renata Sanches (foto ao lado) , uma amiga que escreve bem demais (desconfio, seriamente, que uma das razões para isso seja porque ela é uma devoradora de livros), me manda uns escritos despretensiosos pelo zap. Li e dei risada, sozinho, em meio à loucura da redação. Ninguém entendeu na hora. Mas a história era tão boa, estava tão pronta, que merecia uma publicação. Com a devida permissão dela, aqui vai. De Renata (que neste caso, bem poderia se chamar Alice), de algum lugar dessa Cidade Monumento (que bem poderia ser o País das Maravilhas) quentinho para o blog. Valeu, Renatinha!
Maranhão.

Há poucos meses, uma casa que faz divisa com a nossa ganhou novos inquilinos.
Após dois anos desocupada e abandonada pelos proprietários, o que rendeu uma piscina imunda e incubadora de mosquitos da dengue, a nova família chegou chegando.

Em profusāo de caminhonetes, que ornava bem com o estilo rural de seus proprietários.
Para além dos humanóides, sāo 5 simpáticos Golden Retriever, 2 gatinhos (um deles já entra na minha cozinha e confraterniza com "A Cã-Madame"), galinhas, patos e coelhos. 

Como é notório, coelho é um bichinho lindo, felpudo, orelhudo e que se conjuga somente no plural. “Coelho “ significa muiiiiiiiiiiiiiitos coelhos. Do tipo muitos e cada vez mais. Do tipo um cardume, uma alcatéia, uma manada de pulantes de pelúcia. Inconformados com o cercadinho que lhes foi destinado no quintal, os bichinhos resolveram explorar a rua e o bairro.


E o grupo de Whatsapp dos moradores virou um enorme classificados de Achados&Perdidos monotemático, cunicular, onde pululam “coelhos encontrados na casa 7”, “surgiu um coelho aqui na casa 12”, “alguém sabe de quem é um coelho branco que está aqui na casa 26?”.

De nossa parte, já nos deparamos com dois exemplares. Um que veio entregar o jornal às 05h30, e outro que forrou a pança na hortinha de temperos, devorando toda a cebolinha e o orégano da D.Vera.


Foram embora por conta própria, antes que ocorresse episódio de sangue e pancadaria na madrugada. A dupla de serial killers, Chanel&Duke, ainda estava recolhida a seus aposentos.



No entanto, a presença dos turistas acidentais deflagrou uma guerra na até então pacata província de South Lake. Dois vizinhos, em momentos diferentes, foram bater à porta dos proprietários e responsáveis pelos bichinhos, solicitando que os dentuços fossem levados de volta ao lar. E tiveram como resposta:"pode ficar com o coelho pra vc". Um dos vizinhos, resignado com o coelho imprevisto, manteve o dito cujo com ele, e em postura zen-budista, integrou o novo pet à sua casa.

O outro vizinho, entretanto, diz que não quer coelho nenhum, e que o condomínio deve denunciar o coleguinha por abandono (ou distribuição?) da coelhada.

Na nossa casa reina a tolerância com os visitantes, na mesma proporçāo do pavor de termos um coelho-defunto, por açāo dos dois meliantes caninos.



Enquanto o Whatsapp apita com denúncias de quem coelhou e quem descoelhou na vizinhança, torço para que reinem o bom senso e a paz por todo lado. Ter um bichinho tāo fofinho como bastiāo da brigaiada e reclamaçōes azedas, nāo deixa de ser um desalento.

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