Fachada do colégio |
Não faço ideia de quem planejou a mudança. Mas quem quer que tenha sido, merece respeito. Pela coragem da proposta, pela quebra de monotonia que provocou em nossas vidas de estudantes, e pelo novo colorido das manhãs de segunda-feira. Era maravilhoso ver aquela multidão de meninos e meninas chegando à escola com seus uniformes de cor viva.
Eu estava lá, compondo a primeira turma da Reforma do Ensino, que instituiu, a partir dali, a nova estrutura educacional brasileira dividida em primeiro, segundo e terceiro graus. Deixando a infância pra trás e desvendando os mistérios e as delícias da adolescência. Por uma coincidência dessas que a vida nos prega, minha mãe, Isabel, também frequentava aquela escola. Ela terminava o curso Normal e se habilitaria professora em pouco tempo.
Era bom saber que estávamos juntos, partilhando do mesmo espaço. Isabel e eu nos movíamos conforme o ritmo das aulas. Nossos grupos eram diferentes. Os meus amigos eram pré-adolescentes. Os dela, jovens senhoras, prestes a começar a vida profissional. Mas o sinal que alertava para o início da aula era o mesmo pra mim e pra ela. Da mesma forma como a sirene de perto do meio-dia era a senha para que nos juntássemos de novo e seguíssemos para casa.
Foz do Iguaçu, no extremo Oeste do Paraná, forma a tríplice fronteira que une Brasil, Argentina e Paraguai. Foi também o pedaço mais ousado da aventura geográfica que deslocou a minha família das altas temperaturas do Nordeste brasileiro, para o Sul do país. Um contraste de culturas, um horizonte inédito, um conjunto de novidades que me fez aprender, havia vida além da ilha onde nasci.
Nosso autoexílio aconteceu por força de uma transferência militar do meu pai. O Exército queria mandá-lo pra longe de São Luis do Maranhão. Era o tempo de sair. E as alternativas eram o extremo Norte, no coração da Amazônia ou o extremo Sul, no Paraná. Chegamos em Foz juntos com o início da construção da usina de Itaipu. Eram tempos agitados. De milhares de operários e de alertas para os perigo da fronteira.
página do Jornal Gazeta Diário |
Segundo o texto, a escolha foi fruto de um concurso escolar. Traído por uma memória que guardou essa conquista em uma gaveta distante, me surpreendo tanto quando o Carlos Eduardo. Talvez, um pouco mais que ele. A descoberta dominical tem o frescor de uma chuva leve, como a que cai lá fora. E pede a companhia de uma taça de vinho. O bordô do uniforme na memória agora se confunde com o vigor do alentejano, que perfuma o cristal e deixa mais viva a lembrança dos tempos idos.
Na formatura do primeiro grau, no Bartolomeu Mitre, com o uniforme bordô e a companhia da professora Glória. |
Hoje, o vinho tem a cor e a memória daqueles tempos. |
Nuca, parabéns pelo belo e saudoso texto pena que você não falou comigo. Pois eu também sou "MITRE". Lecionei lá, por 30 dias para o curso de Contabilidade - noturno - substituindo um professor que era Oficial da Aeronáutica, na cadeira Geografia Econômica. Entre os alunos, estava o Tércio Albuquerque que depois foi eleito Deputado chegando a desempenhar alto cargo na Itaipu. Saudades eternas, daquele tempo! Tua mãe ficou emocionada.
ResponderExcluirAbraços do teu velho Pai.
Viégas
Olá, sou filho do Tércio Albuquerque e fiquei feliz com essa lembrança! tenho uma foto aqui desta época mas não consegui postar por aqui.
ExcluirForte Abraço
Tércio Albuquerque Junior