quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Filha, conta comigo!


Ontem, 17.12.2014, terça-feira, foi a final de um certo concurso de culinária, desses tão em moda na TV do mundo todo. No caso aqui, era o MasterChef Brasil. Eu nunca tinha visto um episódio. Não acompanhei nada. Pra ser sincero, não fazia ideia da existência dele.

Maurilo e Sophia
Mas hoje, depois do jantar, quando abri o computador encontrei um comentário do Maurilo Andreas, meu grande amigo, mineiro, publicitário e pai da Sophia. De todas as qualidades dele que conheço, ser pai me parece ser a que mais o identifica com o mundo.

A sua Sophia o faz escrever coisas lindas. O faz pensar coisas intensas e surpreendentes. Por ela, ele se faz gigante, da ponta do dedão do pé, até o último fio do cabelo. É assim que o vejo. De longe e de bem perto. Eu me divirto e me emociono com as coisas deles. E, à minha medida, me espelho nesse amor mútuo de pai e filha. Desejando ser parecido, no jeito de amar, de respeitar e de ser amigo e cúmplice da minha Mariana.

Pois bem, como eu dizia, abri o computador e o Maurilo fazia um comentário sobre uma cena, uma única ceninha de 32" desse tal programa, que durou não sei quantas semanas e teve não sei quantos concorrentes.

As duas finalistas, diante dos jurados. 
A cena de que ele falava se deu no último programa, eu creio. Na disputa final entre duas concorrentes que lutavam pelo prêmio máximo - algo como três meses de curso em Paris, no CordonBleu, mais um monte de outras coisas do gênero.

Na cena, uma das concorrentes, a que tinha mais carinha de menina, Elisa, a que parecia mais frágil e ao mesmo tempo mais concentrada no que fazia, se depara com um obstáculo quase intransponível: Uma tampa de compota que não abria.

Abrir aquela compota passou a ser um desafio não só dela, mas de todos que estavam ali, da família aos apresentadores, passando pelos amigos e pelos jurados da competição. Uma aflição só. E o tempo passava. E ela sofrendo e todos em volta também.

Até que ela surpreendentemente vira-se para o local onde estava a família dela. Olha e pede ajuda: - Pai, abre aqui pra mim, por favor. E correndo em direção ao pai, entrega o vidro. O pai, não era um qualquer. Era um pai, com P maiúsculo, da mesma forma que aquela filha não era uma filha qualquer. Era uma filha, com F maiúsculo.

Havia naquele pedido menos de fraqueza e mais de confiança. Menos de medo e mais de carinho. Menos dúvida e mais de certeza. Havia cumplicidade e delicadeza. Parecendo frágil, Elisa fez o que lhe pareceu mais óbvio, pediu ajuda. E ela nem imagina o quanto foi gigante ao fazer aquilo. Pedir ajuda é uma arte que anda meio esquecida nesses tempos atuais.

Ajudar é um gesto de gentileza que hoje pertence mais aos dicionários antigos do que aos rápidos verbetes, por vezes, ininteligíveis dos whatsapps da vida.


O pai de Elisa virou uma espécie de Maurilo. Gigante. Uma de suas mãos cobriu a tampa, enquanto  a outra segurava o vidro. Bastou um movimento, zás!, a compota se abriu. Ela pegou o vidro, correu para o prato, completou a sobremesa no tempo certo.

Elisa recebe o resultado da prova, sob o olhar do pai. 
Minutos depois ela se sagrava vencedora na disputa. Pouca gente percebeu, mas ela já era vencedora desde o momento em que recorreu ao amor do pai. Sim, aquilo foi um gesto de ajuda, mas foi ainda mais de amor, de confiança. Um gesto nobre e raro nesses tempos de individualismo e auto-suficiência. 

A cena está ai embaixo, pra quem quiser ver. Vale a pena. É emocionante. No filme completo do programa, na parte em que ela recebe o prêmio, lá pelas tantas o pai, ao comentar a vitória da filha, mete a mão no bolso e retira de lá a tampa. E a exibe como um troféu. Viva o amor! A delicadeza, a confiança e a cumplicidade!

Aquele pai, aquela filha, aquele momento… Era sobre isso o comentário do Maurilo. É o que me faz ficar emocionado ao pensar na minha filha também. É como a gente poder dizer ao vivo, e em público: Filha, conta comigo! A qualquer tempo, a qualquer hora, em qualquer situação.

Eu e minha Mariana


3 comentários:

  1. olha eu aqui do outro lado do mundo emocionada com o seu post!
    me lembrei da relação forte, concreta e recheada de amor que tenho com seu amigo maurin di deus.
    pais, obrigada por existirem! "me ajuda?"
    beijo grande, maranhão (em vc e na sua mariana)
    nina de deus

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