sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Do mestre, com carinho

Luiz Evangelista foi meu professor em Maringá, no Paraná, em 1979. Hoje penso que ele foi, seguramente, quem me abriu a mente para a filosofia e para a literatura. Duas das coisas que me sustentam. E que me fazem ser quem sou. 

Ontem, Luiz me deu a honra de assistir o Caminho de Cora, pela TV Brasil. Hoje ele me escreveu. Em tom solene, como cabe a um dos mais respeitados cientistas que esse país já deu. Com intimidade, que só quem foi seu aluno sabe reconhecer. 

Por isso, transcrevo a escrita. 
Porque ela justifica tudo o que eu sou hoje. 
Agradecido, Luiz. Muito. 

Luiz Evangelista, meu "Merlí".


Prezado Sr. Viegas,
tomo a liberdade de manifestar-me sobre o extraordinário programa que tive o privilégio de acompanhar na TV Brasil. 
Como sou um velho fã da poeta goiana, tomei a liberdade, também, de escrever um pequeno texto.
Eu gostaria de agradecer-lhe. O seu trabalho foi um presente para o Brasil.
Boa noite.
Atenciosamente,
Luiz Roberto Evangelista


Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa. 
Eu sou Aninha. 

Eu a conheci na Bienal de 1986, em São Paulo. Ela tinha deixado este estranho mundo há pouco tempo. Lá estavam dois livros seus;  eu os comprei e os li, avidamente. E os guardo, com muito cuidado. Estão na minha estante (desorganizada) de literatura, ao lado de alguns outros que, como ela, amavam escrever...

Habituei-me, nesses anos todos, a ser só eu a gostar dela. Nas rodas, no meu ambiente (universitário!), entre os amigos, em casa, fora do País... Eu me habituei também a falar dela, de vez em quando. Mesmo em minhas aulas de física, ao longo dos anos, uma vez ou outra eu a mencionava. Poucos (na verdade: ninguém, de que eu me lembre) a conheciam!
A ela eu juntei outra mulher do Interior: Helena Meirelles, “a maior violeira do Brasil e do Mundo”.  Eu o fiz,  e me convenci: este é o Brasil com as suas mulheres fortes. Mulierem fortem, quis inveniet?

Que surpresa ao vê-la agora retratada em seu caminho, que corta o seu Goiás 
profundo – Goiás que, aliás, só é profundo porque deu ao mundo filhos como ela – diga-se! 
A TV Brasil nos levou, pela mão competente e pela alma de poeta de Maranhão Viegas, a percorrer com ela os seus próprios caminhos.  Conhecemos o “Caminho de São Tiago”, conhecemos, no Sul da Itália, o “Caminho de São Francisco”. Agora, conhecemos o caminho de Cora. 
O mundo estranho de Einstein que ela deixou é agora menos estranho; na verdade, é mais doce, pois temos a sua companhia. A companhia de Aninha, da casa velha da ponte.  Doceira. Poeta. 

Luiz Roberto Evangelista
Maringá, 23 de agosto de 2018.

Pra quem não teve a oportunidade de ver, ai está o Caminho de Cora. Desfrute!


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