quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O sonho, a música, o tempo


Acabo de realizar um velho sonho. Ver um Beatle de perto. Quer dizer, garanti o ingresso para que isso aconteça. Parece coisa de criança, mas dá uma alegria besta…

Acho que já contei aqui no blog como fui tomado pela música dos Beatles. Desde pequeno. De forma rápida, para os que não sabem ou não leram, eu conto de novo.

Eu era estudante do ensino primário. Ia e voltava sozinho da escola. Eu morava na Madre D'eus. A escola, na ladeira do Belira. Entre um ponto e outro, uma praça, um cemitério, um beco e muitas casas.  O horário de saída da escola coincidia com o início de um programa musical na rádio mais ouvida de São Luis.

Parecia que, naquele horário, todos os rádios de todas as casas sintonizavam o mesmo ponto do "dial". E a minha caminhada de volta tinha sempre a mesma trilha sonora. Uma melodia doce, apaixonante, que, na minha meninice, eu nunca decifrei de quem era, mas que era capaz de me emocionar desde os  primeiros acordes.

Eu ia caminhando sem perder um trecho sequer da música. Quando uma casa passava e o som se distanciava, em seguida outra porta aberta, outra janela, me traziam de volta a canção.

Anos mais tarde, já em Foz do Iguaçu, para onde o Exército Brasileiro transferiu meu pai, um amigo perguntou se eu conheci os Beatles. Disse que não. E ele não sossegou enquanto não me pôs pra ouvir um long play dos garotos de Liverpool que àquela altura (início da década de 70) tomavam conta do mundo.

Para minha surpresa, quando a primeira música começou a tocar, me levou de volta para aqueles dias de caminhada entre a escola da minha infância e a casa onde eu nasci. Então, descobri: aquilo era Beatles. Aquilo que eu ouvia e me emocionava. Desde então, eles nunca mais deixaram de fazer parte da trilha sonora da minha vida.  

Não tive a chance de ver John, Paul, George e Ringo juntos, senão na TV e no cinema. Mas agora, a parte alcançável do meu sonho atende pelo nome de Paul McCartney. E vai estar bem aqui pertinho de mim, em Brasília.


No dia 23 de novembro, a partir da oito da noite, no Estádio Mané Garrincha, vou ficar torcendo em silêncio para que o Paul seja capaz de me levar de volta ao caminho entre o Belira e a Madre D'eus. Com a mesma magia daqueles tempos de menino. O meu coração continua o mesmo. E a música deles, também.

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