quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mano Menezes e a República

Marcia Braga*


Mário Vargas Llosa dizia que o futebol é um prazer vazio, e por isso iria permitir o resgate da sociedade. Por outro lado, ele também permite alguns milagres, como, por exemplo, o de ser o que quisermos que ele seja. É assim que conseguimos fazer que um técnico da seleção brasileira seja o ocupante de um dos cargos públicos mais importantes do país. Governadores e presidentes não conseguem mobilizar tanto as massas nem envolvê-las em discussões acaloradas, quanto um técnico da seleção. Mano Menezes, a figura hoje mais importante da nossa república, está só começando, e já tem gente questionando: mas por que Neimar?

Robert Levine em "Esporte e Sociedade: O Caso do Futebol no Brasil" (Revista Luso-Brasileira/1980), afirma que o futebol no Brasil além de ser um esporte, é também uma máquina de socialização, ao permitir um sistema altamente complexo de comunicação de valores essenciais. Está correto. E eu penso em Afonsinho e sua luta pelo passe livre.

"Prezado amigo Afonsinho
eu continuo aqui mesmo
aperfeiçoando o imperfeito
dando um viva, dando um tampo
desprezando a perfeição
que a perfeição é uma meta
defendida pelo goleiro, que joga na seleção
e eu não sou Pelé nem nada
e se muito for, sou um Tostão..."
(Meio de Campo/G.Gil)



*Marcia Braga é jornalista e professora do curso de Jornalismo da FUNORTE, em Montes Claros, Minas Gerais. Sua auto-definição é um poema: "Meia dúzia de palavras sobre a minha origem: sou mineira de BH, jornalista e artesã, de palavras e objetos".

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