sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Quem é do mar não enjoa

A caminho do mar, com meu pai. Em boa companhia. 
A todo aquele que nasce numa ilha - pedaço de terra cercado de mar por todos os lados  - como eu, é dado o direito de dizer: o mar em mim, não é de hoje. É de útero.

Já usei esta expressão em poesia (que virou música, por obra e graça do "meu Maestro Soberano", Luis Theodoro). A poesia também fala das minhas origens, da minha Madre Deus, bairro ludovicense onde nasci e vivi a minha primeira infância. E fala do mar. Um mar que me acompanha por toda a vida, onde quer que eu vá. 

Assim sendo, por mais distante que o mar esteja ele segue em mim. É assim em Brasília, onde vivo agora e o Lago  Paranoá se oferece como um mar de água doce, imenso e sem limites. Quando o Lago não basta, sigo a receita dos românticos, que miram no horizonte e, de qualquer ponto da cidade, me farto de um outro mar que vem de cima: o céu de Brasília.

Neste dois de fevereiro, apesar de longe dos oceanos, sou tomado por uma memória afetiva que mais uma vez me remete ao meu mar pessoal. Navego com o "Bela Rosa", barco imaginário, que pertenceu ao meu avô, enquanto transcorre o dia dedicado à rainha do mar. 

No sincretismo religioso, o dois de fevereiro é dia de Iemanjá. Os católicos celebram Nossa senhora dos Navegantes, ou Nossa senhora da Glória.


Independente de crenças ou credos, alimento a esperança aventureira de poder navegar, como um Camões, por mares nunca antes navegados. Em Brasília, ou em qualquer lugar, que essa ilha que chamamos "vida", siga cercada de mar por todos os lados. 

Ai embaixo, a versão desta crônica que foi feita especialmente para o Repórter DF, da TV Brasil. A apresentação é de Caroline Lasneaux. A edição de imagens é de Queila Rísia. A crônica foi ao ar neste dia 2 de fevereiro de 2018. Dia de Iemanjá.   


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