Somados, os
números que compõem essa data resultam no número 8. Querem ver? 1+9 = 10 +7=17
+ 9 = 26. 2 + 6 = 8. O 8 deitado - ∞ -
se traduz no símbolo universalmente reconhecido como o infinito.
Talvez
esteja ai no resultado dessa “equação” a mágica que fez um grupo de
adolescentes inaugurar, em 1979, uma amizade do tamanho do infinito. Algo que começou há 35 anos e não tem data
para terminar. Pois, essa é
a nossa história. Os amigos que compõem a turma do Terceiro B, do Colégio
Marista de Maringá são especiais.
Ali havia
filhos de imigrantes japonês, italianos, descendentes de espanhóis, de portugueses, de nordestinos... aquela
turma era um pouco do Brasil miscigenado. Aos poucos,
descobrimos que éramos diferentes dos outros “terceiros”. Nem melhor, nem pior,
mas diferentes em quase tudo. Primeiro, porque tivemos a sorte de ter um
professor quase da nossa idade, que nos provocava o tempo inteiro.
Ele, Luiz Roberto Evangelista, pra nós
sempre foi o “Pirulito”. Por
dedução, conclui-se que ele tinha a cabeça avantajada em relação ao corpo
franzino. O Luiz foi
um dos primeiros a perceber que éramos especiais e nos conduziu a um caminho
também muito especial. Por provocação dele, criamos o primeiro Clube de
Filosofia do Colégio, em toda a sua história. Dessa forma, de uma hora pra
outra, passamos a conhecer e conviver com o pensamento (pra nós, inédito e em
alguma medida incompreensível) dos pré-socráticos, de Platão, de Kant, de
Friedrich Nietzsche e de muitos outros.
Nossos
retiros na chácara dos maristas eram muito mais que espirituais. Eram de corpo
e alma. Éramos a juventude no seu melhor e mais inocente frescor. O amor era
uma constante em nossas vidas e vinha em forma de poesia, de paixão platônica,
de desejos inconfessos, de pequenos olhares, de beijos contidos, de toques de
mão. O amor, vinha em forma de música que escutávamos todos juntos. De
preferência, música brasileira.
Ah, as tarde
nas casa de Olívia, mãe de Mariza, eram memoráveis. Havia lá uma cozinha maravilhosa, que sempre
nos abastecia o estômago com um carinho qualquer, em forma de sabor da
culinária italiana.
Mas havia
também algo que nos atraía muito, uma coleção de discos de MPB que pertencia à
irmã de Mariza, Heloísa, e que era o nosso guia para o mundo mágico das artes e
da contemporaneidade.
Então,
amávamos explícita ou platonicamente as nossas meninas. E elas, a nós também. E
quando a dor de amor era demasiada (porque havia dor de amor também, claro!),
havia sempre um prato quente e bem feito por Dona Olívia, para nos ajudar a
afastar a angústia da alma, saciando o vazio do estômago e, por tabela, do
coração.
Comida,
aliás, nunca foi o nosso problema. Havia os doces da Dona Clara, mãe do Ricardo Sandri; a comida mineira da Dona Marilene, mãe da Edna; os
sabores lusitanos da casa da Dona Rosa, mãe do Eduardo Esteves; e os lanches na
casa da Dona Shirley, mãe
da Alverina.
Andávamos em
bandos, mas o nosso bando era gentil e surpreendente. Nas olimpíadas escolares,
tínhamos camisetas especiais, torcida especial, times em todos os estilos de
competição. Não me lembro de termos tido um desempenho capaz de inscrever nosso
nome no panteão da glória esportiva maringaense, mas também não me recordo de
termos envergonhado ninguém.
1979. Aquele
ano mágico (e infinito) de nossas vidas era ano de encontros, mas também de
despedidas. Nos despedíamos da nossa meninice. A vida profissional se
avizinhava, embora nenhum de nós, salvo raro engano, tivesse bem definido, com
clareza, aquilo que queria mesmo da vida.
Tínhamos uma
noção de que bem ali a vida fechava um ciclo e começava outro, naquele exato
instante. Não tínhamos ideia do quê viria pela frente, mas o que quer que
fosse, era desafiador.
O certo é
que ninguém combinou, mas aquele ano de 79, aquela turma do Marista de Maringá,
fez um acordo tácito, através do olhar – onde quer que estivéssemos, um dia voltaríamos
a nos encontrar. Ninguém sabia se aquilo seria levado a sério, mas foi.
A vida
permitiu a muitos de nós que os caminhos se cruzassem. Nos juntamos pela
primeira vez, quinze anos depois da formatura e foi delicioso. Demoramos mais
um bom tempo para fazer uma nova “juntada” e foi bom, de novo. E agora, aos 35
anos completados de nossa turma, nos reunimos uma vez mais.
Nosso corpo
nos traduz como “jovens senhores e senhoras”. Uns, com menos cabelos sobre as
cabeças, outros com uma cinturinha avantajada, alguns já grisalhos... As
meninas, não! Para elas, o tempo quase não passou. Elas continuam carregando
aquele perfume que tanto nos encantava, nas tarde de música e poesia. Mas nossa
alma, a de todos nós, sem distinção, continua juvenil. E isso, em boa parte, é
o que continua a nos fazer “especiais”.
Se é verdade
que a coincidência da “equação” nos deu de brinde um tempo infinito, também é
verdade que o maestro dessa alquimia se chama Luiz Evangelista. É em função
dele que gira a nossa união. Por ele e com ele, seguimos a nossa jornada –
ainda que cada um esteja em latitudes ou longitudes distintas.
No último
dia 15, reunimos 20 dos quase 40 alunos da turma de 35 anos atrás. E o Luiz nos
deu “A aula de física quântica que não tivemos em nossa vida”. As fotos desse
encontro traduzem um pouco da nossa emoção.
A reportagem da TV também.
A reportagem da TV também.
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