Gabriel Franke Viegas |
O aviso veio assim, sem mais, nem menos. Não houve pompa, nem circunstância. Não houve preparação. Tudo o que sei é que, ao fazer a contagem de créditos necessários para que ele fosse dado como formado, sobraram três. A UnB exigia 270. Ele conferiu, havia 273. E assim, restava aguardar o dia da formatura. Meu menino estava formado.
Gabriel e sua irmã, Mariana. |
Gabriel e sua irmã, mariana. |
Depois, foi difícil entender o que ele falava. Ou, tentava falar. Foi um tempo de tradução. Mara, Mariana e eu éramos os tradutores oficiais entre ele e o mundo. Porque o escutávamos o dia todo e sabíamos os seus códigos. Até o dia em que ele quis que se pusesse um disco pra tocar. Ele falava e nenhum de nós entendia. Depois de algum tempo decifrei algo como "o inglaterreiro".
Nas minhas contas, ele queria ouvir uma música “do inglaterreiro”. Mas nada, nem ninguém conseguia traduzir o desejo dele, que chegava à exaustão do choro.
Até que, num rasgo de associação livre, me lembrei que ele, desde pequeno, era alcançado pelas músicas que eu gostava. Entre elas, What a Wonderful World, cantada por Louis Armstrong. Eis o mistério da fé (na compreensão dele, Luois era ninguém menos que: o inglaterreiro).
E o meus dedos mágicos nunca foram tão mágicos como naquele momento. Raras vezes na vida experimentei um alívio e um prazer tão grandes como aqueles. Vimos o seu rosto cansado de chorar se transformar em serenidade e prazer. Pela música. Mas, muito mais, por se fazer entender.
Gabriel e seu avô, Viegas, empinando Papagaio. |
Para liderar ao invés de ser liderado. Para vencer as lutas ao invés de esperar que alguém vencesse por ele. Para nos convencer de que consegue caminhar – e bem – com as suas próprias pernas.
Gabriel e sua mãe, Mara. |
O palestrante |
Agora, de novo pela internet, ele me avisa: Me formei.
Nós dois |
Não há crise que diminua o sabor dessa conquista.
Meu prato pronto.
Minha taça de vinho.
O pensamento lá em você – como diria Djavan.
E na vitrola, “O inglaterrero”.
Que mundo maravilhoso! Valeu, meu filho.
Hoje, eu também me formei na vida.
Um beijo carinhoso do seu pai.
Amigos Maranhão, Gabriel. Mara e Mariana!!
ResponderExcluirAs lágrimas que me deram um banho agora não turvaram as imagens lindas que guardo, com muito carinho, do menininho com um tufo do cabelo longo, louro que formava um lindo cachinho, correndo pelo pátio do Harmonia, era escancarada sua energia, sua excentricidade, o Gabriel nunca passou incólume, era adorável vê-lo todos os dias, saltitante, eu o cuidava e remanchava lá na escola para assistir suas desenfreadas correrias e um vai e vem majestoso que ele fazia como nenhuma outra criança.Parabéns a todos vocês,esse orgulho é a seiva melhor do mundo com que a vida nos alimenta, né?! Me lembro, com saudades, desse tempo, do apartamento de vocês, do aniversário da Mariana no Salão de Festas onde eu dancei com a criançada como seu eu fosse uma delas até perder um brinco muito legal, rsrs, coisas que só foi possível experimentar ao lado de vocês, pessoas muito acima da média que eu adoro tanto!!! Saudades!!!