segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Para vencer a violência


Durante três anos fui editor na TV Senado. Foi um período de reencontro com o jornalismo diário que, desde o início da década de 90, eu havia abandonado. Foi uma experiência curta, mas muito rica. Pela presença no coração do poder Legislativo, pelo reencontro com antigos amigos e pela possibilidade de conhecer e fazer novos.

Um pouco antes da virada do ano, já depois de ter deixado a TV, recebi um e-mail da Luciana Rodrigues(foto aí acima), jornalista competente e amiga adorável, falando de um jeito muito especial sobre o trabalho que ela estava fazendo naquele momento para a TV Senado. A emoção da Lu se justificava por dois motivos, dizia ela: primeiro, por estar na estrada ao me escrever, experimentando a magia da banda larga móvel. E depois, pela riqueza do material que estava sendo produzido.

Naquele momento, ela escrevia do Rio de Janeiro. Havia acabado de passar, pelo que ela me informava, em um "Território Pacificado". Pela euforia com que ela falava, eu podia vê-la, com os dedos nervosos no teclado.

Depois de relatar a passagem pelo Rio me disse que embarcaria para Porto Alegre, para completar o material. Respondi de volta e imediatamente, como a euforia da Lu exigia. E pedi que me avisasse quando o material fosse ao ar.

Pois, neste fim de semana tive a oportunidade de assistir o “Repórter Senado” – Segurança Pública. E posso garantir que ele vale o entusiasmo das linhas da Luciana. Há nele pelo menos duas questões importantes: Onde antes só havia o poder paralelo, a ação dos narcotraficantes, agora existe uma ponta de esperança e a presença do poder legítimo. É o que está se chamando de “Territórios Pacificados” no Rio de Janeiro. A terminologia remete a um ambiente de guerra. E era isso mesmo o que existia lá, antes.

A outra notícia boa é na verdade uma experiência que acontece no Rio Grande do Sul e que também tem um nome com o qual eu não estava habituado a lidar: “Justiça Restaurativa”. A idéia é simples e complexa ao mesmo tempo. Impõe ao algoz estar diante da família da vítima e falar sobre o acontecido. Quase uma sessão de psicanálise, que termina com um pedido real de desculpas.

Parece pouco para quem viveu a experiência de perder alguém em um episódio de violência. Mas os relatos mostram que, nesse caso, o pouco é muito. E muito significativo para ambas as partes. E para a Justiça, e para Segurança Pública... e para todos nós que sonhamos com tempos mais tranqüilos.

Quem não assistiu ainda tem a oportunidade de ver o Repórter Senado – Segurança pública. Basta acessar a página da TV Senado na internet e clicar em “vídeos”. É fácil e vale a pena. Mesmo que você não conheça a Luciana Rodrigues. Mesmo que você não tenha o hábito de assistir a TV Senado. Você vai ver como o país caminha, apesar de tudo, independente dos escândalos políticos, em busca de soluções inteligentes para graves e persistentes problemas da vida moderna.

2 comentários:

  1. Maranhão, querido, quanta honra! Fico muito feliz com seus comentários, e por ter conseguido transmitir um pouco do que pude presenciar ao fazer a reportagem. Beijo muito carinhoso! Lu

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  2. Não é difícil imaginar a impolgação da Luciana em ver e viver este trabalho no Rio de Janeiro, o suor frio que toma conta das mãos, a secura da boca ao entrar nas zonas de conflito, acredite, até uma tontura falseia os olhos. Mas a alegria de ver ali qualquer iniciativa de pacificação, talvez seja o sentimento mais doce que alguém pode sentir.

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