*Por Raquel Anderson
Finado Aprécio era um bugre agregado do Seo Chiquinho!
A vida toda por ali ficou, só de afazeres vivia o
bugrinho.
Compridas eram as existências.... feitas de matos, trieiros, caçadas,
pescarias, invernadas, piquetes, tudo metódico e ajeitadinho.
O bugre Aprécio por ali cresceu, com bugra nova se
entreteu...
Pelejando com a bugra se envolveu até que nasce seu primogênito, o
Filipinho!
Filipinho herdou do pai o mesmo caminho....
Na fazenda, com Seo Chiquiinho continuou, os mesmos
afazeres, tudo se perpetuou até que água ardente ele provou, por ela se
apaixonou, tudo para trás largou e seguiu cambaleante no seu trieirinho....
Passou a viver da marvada cana, sem casa, sem
paradeiro e sem grana... com pouco se contentava, para ele nada mais importava
só a pinga, cachaça brava lhe encantava!!
Tratava como irmãos os “Andersão” e, a eles, vez por
outra recorria com a certeza de que amparo teria!! Só carinho e atenção o dócil
bugrinho queria!
Um dia aparecia e um trocado pedia, seja pra uma vela, com a
mentira mais singela de que para a mãe Zita a vela acenderia.
A vela ele encontrava no bar, onde tudo ele esquecia e
só a pinga consumia.
Certa vez, com um saco nas costas, andarilho, sem eira, sem
beira e sem cavalo tordilho rumava à pé para o Pulador, debilitado, carente,
fraquinho e sem amor.
Oswaldão seguia atrás, ensinando dirigir seu menor
rapaz que de longe o avistou:
- Pai, lá vai o Filipinho na estrada, qual será seu
paradeiro?
Oswaldão de pronto se comoveu e a ele recorreu, lhe
abordando ligeiro:
- Filipinho, onde vai assim? Dessa forma, breve será o
seu fim....
- “Vou ali numa pernambucano fazer uma trabaio
pr’ele!!!”
- Fique uns dias na fazenda comigo,lhe darei trabalho,
salário, companhia e abrigo.
Filipinho feliz, respondeu:
- Vou com essa mano véio longo então, já que precisa
d’eu.
- Na pernambucano num quero mais nada, lá é só quaiada!!!
- Quaiada de manhã, quaiada no armoço, quaiada no
jantá!!
Raquel Anderson é uma grande amiga que conheço desde os tempos de Campo Grande. Os filhos de Raquel, Rayssa e Túlio, estudaram com meus filhos.
Eu não sabia dos dons de escritora que ela traz de longe. Mas cada escrito seu é uma nova e boa descoberta. É como se a gente pudesse, a cada texto, sentir o calor daquela gente simples e sábia, lá do pantanal.
Quero agradecer, publicamente, meu grande amigo Maranhão Viegas que hoje me contemplou em seu renomado blog!
ResponderExcluirÉ uma honra ter meu Causo/poema : "Oswaldão - de bugre" divulgado no Blog do Viégas com direito a foto, ilustração e elogios!
O conceituadíssimo Blog é reduto de cultura, sabedoria, conteúdos e o que há de mais qualificado no jornalismo!!
Valeu amigão!
Beijos!