domingo, 14 de setembro de 2014

Brasilia, minha mãe, Brasília!

Minha volta pra casa foi pelo Eixo Monumental.
Poderia ter sido pela L4.
Mas preferi voltar pelo Eixo. Não sei porquê. Talvez, pelo azul turquesa do céu, na barra do dia que se ía, dando espaço à noite de veludo, anunciada.

Subi na velocidade da via. 60 km/h.
Tempo suficiente para perceber o que passava por mim.

A bandeira.



O palácio.



O Congresso.


O Eixo Monumental.


Brasília espanta e surpreende a cada quadra.
Meus olhos se regozijam.
Minha alma lavada.

Sigo na velocidade da via. Rumo à minha casa, depois de um dia estafante. Quatro eventos políticos e um funeral. Lembro do filme quase homônimo. Ouço música no rádio, na esperança de ouvir a mim mesmo. Ainda não foi hoje. Mas Viajeiro segue na disputa. Quem sabe…

Perto de casa me lembro de minha mãe. Isa, minha irmã me ligou, falando que ela teve um pequeno problema nos olhos. Isso foi há uns dias atrás. Decido passar por lá, para dar um beijo nela e em meu pai.


Minha mãe, Dona Isabel, está bem. Me abraça um abraço de mãe com saudade. E eu a recebo como um filho cansado e saudoso. Na hora de despedir, minha mãe viaja no tempo. Me cheira como quem quisesse guardar consigo o cheiro do filho. Ou, como quem fosse de volta ao passado, a São Luis, aos meus tempos de criança.

Num instante ela segura em minha mão e me chama pra caminhar. Enquanto caminha, narra em voz alta a nossa caminhada na calçada. Como naqueles dias em que voltávamos do jardim de infância. Sim. minha mãe brinca comigo de túnel do tempo.


Em sua viagem, ela me diz, estamos voltando a pé, do jardim de infância onde estudei. Caminhamos pela Rua de São Pantaleão, em direção à Madre Deus. Eu, homenino, embarco na viagem de poucos passos e mais de 50 anos.

Minha mãe, como Brasília, me espanta e me surpreende.

Meu dia de cansaço, recompensado.
Sob um céu de veludo azul estrelado.
Caminhando de mãos dadas, com minha mãe.

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