Anahi, Jacinta e Rubén - a emoção está nos olhares. |
Da mesma forma, conhece-se Jacinta (Hebe Duarte) e sua filha Anahi (Nayra Mamani) com a mesma surpresa que Rubén. Os três iniciam uma viagem do Paraguai até Buenos Aires, mais de 1500 quilômetros, como desconhecidos circunstanciais. 90% do filme se passam na cabine do caminhão. Nem por isso, pode-se falar em monotonia, ou enfado.
A edição é perfeita e os cortes sem rebuscamento dão ritmo ao filme, na medida certa. Pablo aposta na qualidade técnica da interpretação dos três atores para extrair a essência do que prende o espectador. Como nos filme iranianos em que se espera que algo aconteça na próxima cena, aqui também se espera soluções fáceis que expliquem o contexto da história.
Mas o roteiro foge de soluções fáceis. Perguntas como, por que a filha de Jacinta não tem pai? Por que Ruben não vê o filho a tanto tempo? Por que Jacinta chora antes de dormir? Ficam no ar e na mente de quem assiste. Ao invés disso, o diretor escolhe a sensibilidade dos olhares, a sisudez introspectiva do caminhoneiro e os gestos maravilhosos da criança para compor as personalidades de três figuras humanas fantásticas.
Rubén e Anahi - cumplicidade gestual |
Uma viagem entre o Paraguai e a Argentina descrita de forma magistral, digna da "Camera de Ouro"que recebeu em Cannes, como diretor revelação. Mas um exemplo da qualidade e da consistência do bom cinema argentino dos últimos anos. Uma prova irrefutável de que em matéria de cinema os hermanos vão muito além do bom Ricardo Darin. Se estiver em cartaz na sua cidade, não perca.
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