Celso Grecco |
Celso Grecco é um dos grandes amigos que a vida me deu. Na semana passada ele embarcou para uma jornada de dez dias, na China. Evidente que eu não pude resistir à ideia de um correspondente do blog no extremo oriente. Celso topou e acaba de chegar de lá a primeira carta/boletim, que prazerosamente, divido com todos vocês.
Caro
Maranhão,
Você tem
muitas razões para vir à China. Mas como vai preferir me falar das razões
que te impedem de vir, vou me concentrar nelas e te provar que está
errado.
1. Não
tenho dinheiro
Não é caro.
Uma passagem de São Paulo para Pequim, ida e volta, com várias opções de
escalas pelo meio do caminho (Dubai, África do Sul, Madrid, Canadá) que você
aproveita para passar pelo menos 1 dia na ida ou na volta para conhecer, custa
R$ 3.500,00 em 5 parcelas de R$ 700,00. Saindo do mesmo aeroporto e
conforme a data, você vai pagar R$ 2.000,00 para ir a João Pessoa, R$ 2.500,00
para Belém do Pará. Em Junho, pagará R$ 3.000,00 para ir de ponte aérea ao Rio
de Janeiro. Melhor China...
2. Não
falo inglês
Não tem
problema, aqui ninguém fala também. Estou num Hotel 4 Estrelas, de instalações
muito boas (tem até privada no banheiro), quarto muito bom, tipo hotel de gente
viajando a negócios. E ninguém na recepção fala inglês. Nem vou lhe dizer sobre
restaurantes ou lojas de Shopping, onde também não se fala inglês. Muito mal,
com raras exceções, arranham a língua. Já naquele lugar que vende as camisas
Armani de 10 reais e onde você encontra uma legítima loja FERRERRI (Ferrari)
completíssima com roupas da escuderia, capacetes, canecas, casacos, canetas,
brindes, chaveiros, lembranças, todas elas ostentando o famoso logotipo do
cavalinho... ou seria um dragãozinho? Bom, veja você mesmo na foto anexa e tire
suas conclusões.
3.
Aprecio arte, mas não a chinesa
Sem
problemas! Vou te levar a uma galeria que exibe reproduções do famoso auto
retrato de Van Gogh. De orelha. Veja você, crítico insensível dos chineses, que
eles apreciam a arte desde há muito tempo, desde quando Van Gogh tinha orelhas.
As duas. Não é fantástico?
4. Não
sei se vou gostar da comida
Gostar ou
não gostar de algo pressupõe conhecer. E disso meu amigo, você estará livre.
Porque ao entrar no restaurante, no máximo vai conseguir pedir o prato pela
foto. A chinesa vai sorrir satisfeita com o seu pedido e alguns minutos depois,
algo mais ou menos parecido com a foto, mas bem diferente, vai chegar na sua
mesa. Você vai experimentar e continuar desconhecendo, cada vez mais, a comida
que pediu. Não tem sal, nem saleiro que possa pedir. Há algo ali boiando que
você juraria que é a orelha do Van Gogh, mas péra lá, se ele estava com as duas
conforme você mesmo testemunhou no quadro que acabou de ver, deve ser outra
coisa. Não seja preconceituoso. Tente conhecer a comida antes de formar uma
opinião sobre se gosta ou não. Como vai demorar para conhecer, pense em outra
desculpa.
5. Acho a
filosofia chinesa complicada
Outro mito.
Aprendi um ditado famoso na China, ensinado com muita reverência e que diz:
"Quando chove, chove". Que simplicidade! Que clareza! Que beleza! Não
me recordo o nome do sábio que proferiu a frase, mas parece que é o mesmo autor
de "quando é de noite não tem sol" e "quando entra na água,
molha". Essas duas últimas um pouco mais complexas, reconheço. Mas ainda
estou inebriado pela primeira enquanto procuro entender a segunda e a
terceira.
Enfim meu
amigo, a China é uma Viagem, literalmente. Se der mando mais notícias.
Abraço, Celso.
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