(ruinogramas)
Em Brasília, admirei.
Não a niemeyer lei,
a vida das pessoas
penetrando nos esquemas
como a tinta sangue
no mata-borrão,
crescendo o vermelho gente
entre pedra e pedra,
pela terra a dentro.
Em Brasília admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
criminoso por estar
fora da quadra permitida.
Sim, Brasília.
Admirei o tempo
que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.
Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
Muito me admirastes,
muito te admirei.
Poema escrito por Paulo Leminski durante sua
visita a Brasília em 1984, após um almoço numa pensão na W3S, com Ivan
"Presença", Nicholas Behr e Alice Ruiz. Paulo deixou o manuscrito com o
também poeta Nicholas Behr. Originalmente, o poema foi publicado em “Tira Prosa” a revista
cultural do Feitiço Mineiro, Número 11 out. / nov. / 1998.
Uma homenagem poética, no dia em que Brasília completa 53 anos de existência.
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