A Pátria-avó já não é mais a mesma. Vive dias sofridos e de muita incerteza. No Clube de elite em que se tornou a União Européia, Portugal se vê na rabeira. Os males da grande união se mostram agora na forma dos fantasmas que assombram vários países do Novo/Velho Continente. Inflação, instabilidade política, desemprego, depressão.
Em meio a tudo isso, surge uma lufada de frescor no pensamento português. E vem de onde só se esperaria vir: dos jovens e dos artistas. A fusão dessas duas vertentes tem nome e causa orgulho, em Portugal: Os Deolinda.
Pra quem não sabe, a Deolinda é o nome dado a uma figura típica de Lisboa. Vive nos subúrbios, é uma mulher forte, tradicionalista e não perde uma boa telenovela. Sofre pelo seu time do coração, o Benfica e venera a diva do fado, Amália Rodrigues, sem deixar de tocar no seu gramofone os discos de António Variações, Zeca Afonso e Sérgio Godinho (ídolos da nova música popular portuguesa). Solteira e boa rapariga, vive na companhia dos seus dois gatos e um peixinho vermelho.
Deolinda é tudo isto sem existir fisicamente. O projeto musical que deu origem à banda surgiu em 2006 quando Pedro da Silva Martins (guitarra clássica) apresentou quatro canções aos amigos que viriam a formar o restante do grupo, Ana Bacalhau (voz), Zé Pedro Leitão (contrabaixo) e Luís José Martins (guitarra clássica).
Estava ali, de imediato, reunida a concepção do que viría a se transformar em um fenômeno pop, um sopro de liberdade e renovação - Os Deolinda. Sobre eles, eu já falei aqui mesmo no Blog. Mas hoje, abro espaço para mostrar uma canção que virou Hino da nova juventude portuguesa: "Que Parva que sou". Poesia vigorosa e bem humorada, ao mesmo tempo, a letra retrata de forma fiel a perplexidade que paira sobre os juvens portugueses nesse instante de incerteza dos rumos.
Busquei uma versão que tenha legendas para que a música seja melhor compreendida. No dicionário, a palavra "parva" significa pessoa pouco inteligente, idiota. Com vocês, Os Deolinda. Vida muito inteligente, na nova música de Portugal.
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