Sá, Rodrix e Guarabira |
A frase: "desbota e perde o vinco", no final da propaganda, não poderia ser mais genial. Era um apelo aos diretamente envolvidos, digamos, com a contracultura. Rodrix rendeu-se aos encantos do sistema? Precisava sobreviver? Sei lá! Se a liberdade, em tempos de ditadura, era uma calça velha, azul e desbotada, posso quase afirmar que muita gente pensava que era desabotoada.
Quanto à música "Casa no campo", dentro desse contexto, perde seu carater bucólico, natureba, e se transforma numa espécie de louvação ao individualismo. Em outras palavras, e que tudo mais vá pro Inferno.
Já James Dean (1931/1955), que alguns podem suspirar de saudades por representar o descontentamento de uma geração em completa perplexidade (fim da Segunda Guerra Mundial; Guerra Fria; divisão do mundo em dois blocos), é outro produto feito exatamente para representar o que representou, além de vender calças, motos, carros e jaquetas, é claro. Afinal, só triunfam os vencedores, que são, não por acaso, aqueles "predestinados" ao sucesso, que continua tão insano quanto o fracasso. Ou será que o capitalismo foi criado para nos dar felicidade e não vender mercadorias?
*Marcia Braga é jornalista e professora do curso de Jornalismo da FUNORTE, em Montes Claros, Minas Gerais. Sua auto-definição é um poema: "Meia dúzia de palavras sobre a minha origem: sou mineira de BH, jornalista e artesã, de palavras e objetos".
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