Era o início da década de 70, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Naquele tempo, havia dois lugares de destaque no desfile da escola. Um, era na fanfarra. Outro, na guarda de honra da Bandeira Nacional. Passava-se o ano inteiro disputando uma vaga nestes dois lugares. Menos por patriotismo e mais por fazer parte de um grupo especial. Também havia um interesse pelas várias dispensas das aulas para os dias de treinamento, que aumentavam a medida que o dia do desfile se aproximava.
Na fanfarra, um grupo com mais vagas, o decisivo para a entrada era a habilidade pra bater tambor. Coisa que o meu sangue nordestino garantia, com sobras. Mas também contava o tempo na escola. Quem chegava novo, no colégio, amargava uma espera, entrava no fim da fila de interessados, ainda que tivesse muita habilidade.
Enquanto eu esperava para alcançar a condição de tocador de repique na fanfarra, me esmerava nos estudos e as notas boas me garantiam outra possibilidade: Uma das quatro vagas na guarda de honra da Bandeira. No meu universo de interesse, nada se assemelhava aquele uniforme bordô, da fanfarra. Nem à possibilidade de ocupar o tambor que dava brilho ao toque marcial da banda. Mas, diante da espera, aceitei o convite.
Exatos 41 anos atrás, num sete de setembro ensolarado, lá estava eu, de gravata borboleta (torta, por sinal), camisa de manga longa, sapatos
tinindo de tão lustrosos e umas inacreditáveis luvas brancas. Em minha companhia, um amigo de longa data, um dos meus melhores amigos dos tempos de escola, com quem mantenho contato até hoje, Marco Aurélio de Figueiredo Junior.
Não demorou muito e eu alcancei o tão sonhado lugar na fanfarra. Mas isso é uma outra história.
A vontade da música começou pela bandeira, luvas brancas e gravata torta. Toda história, tanta história boa de ler. A música enfeita o Inorbel escritor.
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