Em ação, como repórter, em começo de carreira. O cinegrafista da direita, Ramon Carlos, foi meu grande parceiro de aventuras jornalísticas. Seguramente, um dos melhores com quem trabalhei. |
Era uma época em que se praticava um jornalismo um pouco diferente do que se faz hoje. Época em que era elementar saber um mínimo sobre o assunto da reportagem, antes de chegar ao entrevistado ou à fonte. Hoje, com raras exceções, os repórteres parecem não querer gastar tempo com "tamanha bobagem". Exigem que as informações sejam reunidas e repassadas pela assessoria de imprensa. Querem tudo mastigado e ficam nervosos quando alguém não faz o serviço que deveria ser feito por eles. Mas isso é detalhe. Sórdido, mas é.
Nos estúdios da TV Morena, entrevistando Roberto Freire, então candidato a presidente da República, pelo PPS. |
Julio Cotting, jornalista. |
O Terceira Edição foi um jornal inventado para que pudéssemos ocupar mais tempo com o jornalismo local. Ia ao ar quase na madrugada, mas ia. Era o espaço possível. Um pequeno e aguerrido exército de jornalistas trabalhava as notícias do dia com um pouco mais de tempo na abordagem. As entrevistas eram maiores e havia espaço para algum nível de opinião.
Quem apresentava o jornal era Bosco Martins. Na produção e redação, Denise Dal Farra; na Edição, Luca Miranda e Ciro de Oliveira; a Direção de Jornalismo era de Ecilda Stefanelo e eu fazia parte, junto com Thomas Krause e outros, de um pequeno time de repórteres que topava aquela aventura. Sim, era uma aventura. Trabalhávamos mais para produzir um terceiro jornal, com textos e conteúdos diferentes.
Como eu disse um pouco antes, o Julio me surpreendeu com a cópia inteira (dez minutos) de uma edição do jornal. Nela, para minha alegria, há uma pequena reportagem em que eu apareço exercendo o papel de repórter. Eu tinha 24 anos de idade. Era um menino, recém chegado à profissão. Mas já estavam lá a minha paixão pelo jornalismo e a minha mania de querer fazer bem feito o que quer que eu me metesse a fazer.
O repórter em ação. |
No meu caso, um tempo de desafios profissionais. Hoje, olhando para trás, vejo que a minha caminhada valeu a pena. Rever um pouco do jornalismo que eu fiz, lá no começo da profissão, me tranquiliza. Me dá a certeza da escolha que fiz e traduz o respeito que sempre tive pela profissão.
Valeu, Julio. Pelo resgate e pelo presente.
P.S.: Minha reportagem se completa nos quatro primeiros minutos do jornal. Mas assisti-lo inteiro dá uma boa ideia do que era notícia naquele tempo, na Capital do Mato Grosso do Sul.
Saudações saudosistas!
ResponderExcluirGrande Maranhão Viegas, me sinto recompensado por ter sido o estopim desta postagem que vem somar muito aos que precisam conhecer um pouco mais do verdadeiro jornalismo e os desafios de trilhar por uma profissão que exige extrema perspicácia para contar histórias, tal como ela são, emitindo opinião com credibilidade sem perder a confiança do patrão, dono do veículo.
Naqueles tempos de transição, onde ainda havia um ranço autoritário, duvido que a galera de hoje conseguiria se equilibrar na "corda bamba" de atender o interesse do telespectador sem ferir a linha editorial da empresa.
Vi este trabalho na Morena como telespectador desde meus tempos de guri, quando cheguei de SP em 1982, e de dentro à partir de 1989 como funcionário da Difusora.
Uma das coisas que tenho como riqueza é minha memória e adoro cultivá-la. Como filho de Técnico em Eletrônica, especializado em conserto de receptores de rádio e TV, pude, desde meus 4 anos de idade, acompanhar e entender programas jornalísticos como, por exemplo, o Jornal Nacional e, hoje, sinto-me como testemunha ocular da história, lembrando cronologicamente dos fatos que vi, entre eles, a revolução islâmica no Irã, a volta dos exilados pelo regime de 64, e por aí vai...
Nas últimas semanas tenho revisitado este conteúdo para entender, com olhar crítico de 40 anos, todas estas transformações e o papel histórico dos veículos de comunicação.
Até pouco tempo via o papel da TV Globo de uma forma muito radical de esquerda, mas pensando com meus botões me senti na necessidade de ser mais justo e me perguntei: "A sociedade é reflexo da TV ou é o contrário?". Na busca da resposta sigo viajando no tempo e encontrando estas pérolas, como o "MSTV", da TV Morena em 1986, e "A aventura do homem nos anos 70", da TV Globo em 1980.
Acredito que resgatando memórias e contextualizando-as podemos formar opiniões positivas para construção de uma sociedade cada vez mais esclarecida de seu passado e consciente de suas aspirações, porque um país sem memória é país sem futuro e história.
Abraços McFlydianos!