Por Antônio Ângelo de Souza*
Rio de Janeiro, por A. |
por
certo era o lugar certo
para
os de tupã os de sá os de villegaignon
depois
para os de luanda das gerais dos crateús
(da
fenícia...)
para
todos como eu, os sem lugar
por
destino virar alimento para os deuses
entrar
pela boca banguela
de
seus ídolos de pedra
por
vingança sobreviver
vencer
a onça fome, a doença inseto
prosperar
aterrar
o mangue desmontar o morro
rasgar
túneis romper canais
erguer
palácios plantar favelas
buscar
o céu cair no mar
maravilha
de cenário
lugar
errado para uma cidade.
por
acaso ou vocação
houve
de ser cortesã
metrópole
provinciana
disparatada
zoneada dissolvida
melodia
sincopada
de
ritmo sinuoso
houve
de ser samba,
ser
verso reverso perverso
de
si mesma, essência extraída
do
embate atlântico
--
crista eriçada
dorso
curvilíneo --
ombros
de areia e floresta
lugar
comum
de
sua gente
enigma
de
sua própria natureza.
*Antônio Ângelo de Souza é um amigo de longa data. Dos tempos de jornalismo sul-matogrossense, dos tempos das aventuras pantaneiras. Ângelo tem um dos melhores textos que já li. Quando ele decidiu deixar o jornalismo as redações perderam em qualidade e criatividade.
Felizmente, ele se permite manter alguma produtividade e, de vez em quando, invade as noites do Facebook com preciosidades, como esta, que ele escreveu para celebrar os seus dez anos de Rio de Janeiro. Seja bem-vindo Ângelo. Sinta-se em casa.
que surpresa! esse texto aqui... que honra!
ResponderExcluirobrigado, amigo.
abraço,
a.