sábado, 2 de março de 2013

Calcinhas


Por Iara Maurente*

Chamada para entregar uma estatueta na cerimônia do Oscar no domingo passado, a atriz Meryl Streep surgiu do fundo do palco e deu duas puxadinhas básicas na calcinha, na mais discreta naturalidade que um ato destes exige.


Nós mulheres sabemos como uma calcinha pode ser torturante.
Escolhemos a peça pelo modelo, cor, conforto, mas nem sempre a peça corresponde à nossa impressão.

Há calcinhas que insistem em entrar, vocês sabem onde, nas horas mais indiscretas. Quando estamos sentadas e levantamos, é frequente a vontade de ajeitar a calçola, que naturalmente se moveu em nosso corpo ao sentarmos e levantarmos.

Temos que escolher entre arrumar a calcinha ou deixar que fique marcando na roupa um desenho torto de nossos traseiros, além do mal estar de ter um pedaço de pano no meio de vocês sabem onde.

Quando a Meryl Streep puxou a calcinha na cerimônia mais importante do mundo do cinema, senti como se ela fosse minha amiga de infância, colega de escola, parceira de festas juvenis, a confidente das horas difíceis. Foi muita intimidade. Poxa vida, ela é uma mulher de carne e osso, pensei.

Abstrai a artista, a grande atriz que admiro através dos personagens que faz e a coloquei no patamar de uma simples mulher, conhecida minha, fazendo as mesmas coisas que faço. A grande atriz americana puxou a calcinha e se transformou em ser humano real. Foi lindo!

Só senti intimidade igual com uma celebridade quando a não menos famosa e adorada, e já falecida Lady Diana fez comentários a respeito do desempenho de seus parceiros.

Na época, ela disse que o ex-marido, o príncipe Charles, era insonso na cama; enquanto o melhor parceiro para horas tórridas havia sido o também famoso e já falecido John John Kennedy.

A distante princesa ficou naquele momento sentada junto comigo e minhas amigas ali pelo quarto de uma das gurias, comentando sobre namorados e outros assuntos de interesse feminino, como maquiagem e roupas...

Tão humanas estas celebridades. Tão distantes e tão corriqueiras como outras mulheres comuns espalhadas pelo mundo.

* Iara Maurente é uma grande amiga, jornalista, vive em Porto Alegre, torce pelo colorado (ok, ninguém é perfeito) e escreve coisas deliciosas, sempre às sextas-feiras, para o Jornal de Gravataí.   


2 comentários:

  1. Conversas simples assim, como este bate-papo da Iara comigo, sem conhecer, já conhecendo. Uma intimidade agregada ao comum de todas nós. Delícia de texto.

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  2. coisas simples de um mundo real...onde celebridades e comuns mostais co-habitam...adorei...

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