Higa, nos velhos tempos. (Arquivo pessoal) |
São como texto escrito em forma de imagem. Carregam dor e alegria, aventura e emoção, cotidiano e raridade, com a mesma leveza, com a mesma magia. Higa, o poeta da imagem, o lambe-lambe indomável, o fixador das horas, o guardador da memória no relicário impessoal do tempo.
Eis que, lá um dia, na redação do Jornal Diário da Serra, chega a notícia de que um acidente de carro vitimara uma família de agricultores. Eles vinham do Paraná, de muda para os campos de Camapuã. Buscavam uma nova vida. Encontraram a tragédia no meio do caminho. Do acidente em que todos os adultos morreram, restara uma menininha, que deveria ter não mais do que três ou quatro anos.
A menina, o olhar, o passado mais presente do que nunca, a pergunta ainda no ar. (Foto Roberto Higa - 1971) |
O jornal, clic. A polícia, clic. A menina, clic. A redação, clic. O general, o político, o carro, o prédio, o campo, o pobre, o Papa, o índio, o natal, a flor, o mel, a abelha, o pasto, o boi, o ano novo, muitos natais e anos novos, o tempo passando, cli, clic, clic, clic... Higa, testemunha ocular de um mundo em transformação. Vida que segue.
Higa e a foto de 41 anos atrás. O que foi feito dela? (Foto de João Carrigó) |
Texto inspirado em reportagem de Paula Maciulevicius para o Lado B do Campo Grande News
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