domingo, 11 de agosto de 2013

A caneta


Na última viagem, perdi uma caneta tinteiro. Uma que havia ganhado de minha irmã. Foi uma dorzinha chata. Dessas que a gente não se dá conta de ter por objeto. E que só sabe que tem quando sente.

Nessas circunstâncias, a gente percebe que alguns objetos transcendem à coisa. São mais que isso. São como uma extensão da gente. No aeroporto, quando percebi a perda, liguei pro hotel. Não acharam. Liguei pro motorista do carro que nos deixou lá. Ele também não achou. Passei a viagem pensando nela. Desembarquei sentindo falta da sua escrita. Sua leveza em minha mão. Em casa, dividi a perda. Houve um silêncio solidário.


Hoje, acordei com a sensação de ter recuperado uma alegria. Coisa simples. Coisa besta. Dessas besteiras que entram no coração da gente pra ajudar a escrever novas histórias. Pai que sou, vi o silêncio da família, aquele silêncio cúmplice de antes, transformar-se em alegria de menino. Uma caneta tinteiro tem mais propriedade que a tinta que escorre em sua pena. Valeu, Mara, Mariana e Gabriel! Vocês me ajudam a escrever minha história. A nossa história.

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