Cícero Sumé e o cofre. Sabedoria intuitiva e meio sorriso inteiro. |
Há coisas que, de princípio, são incompreendidas. Carecem de explicação. Ou não. Haverá entendimento para um cofre plantado no cimento da calçada, em frente ao restaurante do Cícero Sumé? Haverá, sim. Mas de princípio, só estranheza e riso.
Lá dentro, entre areias e mesas e chapéus de palha, um negro alto, vistoso e bem humorado circula entre clientes, pescados, camarões e fogo de cozinha. O dólman (palavra que vem do turco dolaman, que pode ser traduzida como manto) lhe torna mais elegante, mais altivo em sua simplicidade.
Sumé faz a comida, serve os pratos e depois vem à mesa conferir a satisfação com seu paladar. No começo, a gente acha que nada ali vai dar certo. Mas dá. No restaurante dele, a chuva fina invade as mesas, a areia se mistura ao passar lento das horas, tudo tem ritmo próprio. Abre meio sorriso que vale por um inteiro (está fazendo um tratamento dentário que lhe impede de gargalhar abertamente). E fala, e fala, e como fala o Sumé.
A ciência do cofre
Fico à vontade para perguntar sobre a mania de cofres (há outro, no centro do restaurante). Sumé não resiste e ri um riso mais solto, mesmo com a falta dos dentes. "Isso ai é meu marketing, minha referência". Me espanto. Como assim, Sumé? Ah, o cabra vem aqui, come e vai embora. Depois encontra com outro fala do restaurante. E diz, ali... aquele lugar que tem boa comida... aquele... do cofre. E então o outro diz: Ah, eu sei, o do cofre. Pronto, é a minha referência. A ciência simples e funcional do cofre. A sabedoria intuitiva de Sumé. Quem disse que o mar tem fim?
Paris - Montevidéu. Quem disse?
O Mercado do Porto, em Montevidéu. |
A parrilha em brasa, no Uruguai... |
...e os frutos de um mar distante, no Quartier Latin. |
Quem disse que o mar tem fim? |
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