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Fogos de artifício na abertura do Rock in Rio 2011
Foto: AGnews |
Ontem, gastei algumas horas assistindo o
Rock in Rio, pela televisão. Hoje, penso que, literalmente, gastei meu tempo. Concluo que o amadurecimento me distancia de manifestações como essa. Não me imagino em meio àquela turba de alucinados. Nenhum grupo me comove. Nenhum me tiraria de casa para enfrentar os touros. Talvez, se viessem em forma de bife. Talvez...
Li muito e ouvi muito sobre o festival. E me arrisco a dizer que não é um festival, senão na aparência. É um grande comércio de música pop. Algumas músicas e bandas de péssima qualidade. É uma remota e desbotada lembrança dos grandes festivais. Nada mais que isso.
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Foto: Danilo Verpa/FolhaPress |
Já na abertura do festival, na sexta-feira à noite, ouviu-se um
Milton Nascimento que mais desafinou do que emocionou, cantando
“Love of My Life”, do
Queen, em companhia de
Tony Belloto, guitarrista da banda brasileira
Titãs. Milton é um dos meus ídolos. Mas ele não estava bem na fita. É minha opinião, mas veja e tire você mesmo as suas conclusões.
Voltando à noite de sábado, a uma certa altura, cruzei com o vocalista do
“Faith No More”,
Mike Patton, e com o seu projeto individual
“Mondo Cane”, cujo nome traduz o meu sentimento. A ideia do cara é reler trilhas sonoras e músicas pop italianas, produzidas nas décadas de 50 e 60 do século passado.
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Mike Patton e Orquestra de Heliópolis
Foto: Guito Moreto |
Ele enlouquecia, no palco
Sunset, e deixava loucos também os jovens integrantes da
Orquestra Sinfônica de Heliópolis. Não quero parecer um velho rabugento, mas o show foi um desastre. Uma performance que beirou o bizarro. Uma música difícil de assimilar, um sujeito histriônico em seus grunidos, um sofrimento, árduo de assistir.
No palco
Mundo, o principal, a noite estava reservada para três grandes atrações:
Capital Inicial, Snow Patrol e Red Hot Chili Peppers. Assisti o
Capital com olhos de melancolia.
Dinho Ouro Preto, vocalista da banda, está mais gordo, sinal dos tempos. O que o traz ao nível dos mortais e revela que o tempo passa pra roqueiros também. Mas reconheço que a chegada do
Capital foi a melhor parte da noite.
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Foto: divulgação Rock in Rio |
Velhas canções do
Aborto Elétrico, grupo que carregou o DNA do
Legião Urbana (talvez, o mais instigante grupo de rock da geração de 80, no Brasil) e do próprio
Capital Inicial, fizeram soprar um vento de rock orgânico sobre o público. Um Dinho
“adrenalizado”, como insistia em dizer a apresentadora de TV, variava entre o surpreso e o patético – principalmente, quando se meteu a fazer discurso político.
A bronca do Dinho nos políticos, no
José Sarney (atual presidente do Senado brasileiro) e na censura, que foi transmitido ao vivo pelo canal a cabo
Multishow, foi cuidadosamente expurgada do compacto mostrado pela
TV Globo, já na madrugada de domingo.
Ainda assim, repito, o
Capital e seus velhos sucessos foram o melhor da noite. Interpretações vigorosas de
Natasha, Veraneio Vascaína e
Que País é Esse fizeram, por uns instantes, o
Rock in Rio parecer um festival. Particularmente, fiquei emocionado com uma canção específica:
“À sua maneira”, versão brasuca para o sucesso de uma banda argentina que marcou a história do rock latinoamericano e que deixou saudade.
Me emocionei lembrando da canção original, que os hermanos batizaram de "
De Música Ligera", que eu gosto mais. Lembrando de
Gustavo Cerati, o líder da banda argentina, desfeita em 1997 e reunida novamente para uma última e definitiva turnê, em 2007. Gustavo está em coma há mais de um ano, depois de ter sofrido um AVC. Mas a
Música Ligera, do grupo argentino
Soda Estereo nunca vai sair da cabeça de quem gosta de Rock’n Roll.
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Gustavo Cerati e Soda Stereo |
E é com um vídeo original da banda
Soda Estereo, gravado há 14 anos, na Argentina (em um festival com mais cara de festival), que eu termino esse post.
A apresentação do
Snow Patrol e do
Red Hot Chili Peppers? Estava tão morna que eu dormi no meio.