sexta-feira, 27 de julho de 2012

Diário de um dia

Novo clipe de Roberta Campos. Música "Diário de um dia", do seu novo cd. Pra começar bem o dia e ensaiar um bom começo de fim-de-semana.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

130 anos

Luca, por Higa
Higa, o memorialista imagético
Abro o computador e vejo uma foto feita pelo japonês. O japonês é o Roberto Higa. A foto é do Luca Maribondo. O ambiente onde o "japa" fotografou o Luca me remete aos idos dos anos 70. Certamente, cumprindo alguma pauta para o Jornal Diário da Serra,  de Campo Grande, MS, onde os dois trabalharam juntos.

Higa e Luca são dois grandes amigos. Corro o dedo no cursor e vejo que alguém se surpreende com a foto e pergunta; "Luca, o que fizeram contigo?" A pergunta não se explica. Mas também não me sai da cabeça.

Não seria uma pergunta que eu fizesse. Fiquei pensando... Alguém teria feito algo com o Luca? Alguém o teria julgado feio? Bonito? Novo? Velho? Não importa. Intrigado, busquei uma foto recente do Luca. A mim, as imagens das duas fotos revelam uma passagem de tempo e uma conquista:  A  tranquilidade nos olhos.

Luca, dos olhos de tranquilidade
O Luca de agora preserva em um poço mais tranquilo o Luca de outrora. Mas os dois estão ali, íntegros, vivos. E me satisfaço com essa constatação. Nem feio, nem bonito, nem novo, nem velho. Um camarada de expressões vivas, tanto lá, como cá. Com a alma traduzida nos olhos.

O ponto que me liga aos dois - o Luca e o Higa - é a imagem resgatada. Higa é um mestre das imagens.  Um "baú da felicidade memorial". Seus arquivos têm o dom de nos provocar a lembrança de um tempo distinto. Diverso. A lembrança de um tempo em que a vida passava mais lenta. Revendo o Higa e suas imagens me obrigo também a constatar que esse tempo passou muito rápido.

O que nos reúne, os três - Luca, Higa e eu - nos tempos de hoje, talvez seja a capacidade de compreender a passagem do tempo. Nem longo, nem curto. Nem bonito, nem feio. Com os olhos fechados ensaio uma resposta à pergunta inicial: Ninguém fez nada com o Luca. O tempo se encarregou de preservar a essência. É o que importa.

Enquanto escrevo, penso na trilha sonora que melhor caiba a esse texto. E encontro um trabalho muito bem feito pela Pitty e pelo seu companheiro. Os dois formam o Agridoce. Um duo de muito bom gosto. Suave e provocante, como sugere o nome que eles escolheram para se traduzir. Da nova safra, eles acabam de lançar um road movie, que se encaixa como uma luva nessa minha curta história. 130 anos. Uma celebração ao tempo. Para o Luca e para o Higa.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O disco Vermelho

Isa
Nuca (é como me chamam desde criança, em casa) você está em casa?
Sim, estou, Isa (é assim que chamo minha irmã, desde pequeno).
Eu tenho um presente pra ti.
Êba!
Vou aí te entregar. É um disco.
Êba! Êba! Venha logo.
Mas tu não vais dormir um pouco depois do almoço?
Vou sim, mas não tem problema. Que disco é esse?
Um dos Beatles. Vinil. A coletânea que eles lançaram com os grandes sucesso de 62 a 66.
Eu conheço, é lindo. E eu não tenho.
Pois, então. É teu. Mas vou ter que escutar junto. Quem sabe, sai uma carninha, né?
Pode vir, audição garantida. Carninha garantida. 

Capa
Contra-capa
Foi assim que ganhei o "Disco Vermelho" dos Beatles, em vinil. Isa não veio aqui no domingo, como havia prometido. Quem trouxe o disco foi minha mãe, Isabel. Que não ganhou churrasco, mas comeu umas bruschetas deliciosas. "Seu Viegas", meu pai, estava junto e não dispensou a companhia de um bom vinho.

Hoje, passei os olhos no disco e vi que belo presente ganhei. Os dias estão corridos, minha irmã. Ainda não tive tempo de colocá-lo no toca-discos. Mas não demora - viu, Isa - chega a minha hora de ouvir música. E comer um bom churrasco ao som dos Beatles. De preferência, em tua companhia. Enquanto isso, aí vai uma das minhas canções preferidas. Uma daquelas que, muitas vezes, embalava a minha volta da escola pra casa, na minha primeira infância, pelas ruas de São Luis. Michelle. The Beatles. 

A sinestesia do alimento



*Por Mariza Poltronieri

Muito da história da humanidade tem como ponto de partida e de chegada o alimento, sua escassez e sua fartura. É por ele e através dele que conquistas se fizeram. Povos nômades que povoaram os cinco continentes, as grandes navegações e conflitos tiveram como foco principal a busca de novas terras e o alimento em abundância.

Passado esse tempo, o que se vê é o controle do homem sobre a produção agrícola. Tudo é muito e de qualidade. Se isso alcança todos os povos, é outra história.
Mas vamos falar da superação da fome. O que antes era apenas para um fim foi elevado a outro patamar, o do prazer.

Nunca se falou tanto em comida, procedência geográfica e suas implicações, sustentabilidade e proteção ecológica, orgânica ou convencional, forma de preparo, combinações, gourmets e grandes chefes.

Não é a toa que a gastronomia se vale de todos os sentidos para agradar. Um bom prato não deve ter somente cheiro e sabor, deve ter textura e cor. Deve por tudo isso nos levar a algum lugar, há algum tempo.

Cena do filme Festa de Babette
O Humano que há em nós difere-nos dos animais que, por instinto, se valem de um alimento único, monótono e linear. Nós aprendemos por comparação e depois de conhecermos algo melhor agregamos ao anterior. O paladar é algo aprendido e por isso faz parte do patrimônio cultural de cada indivíduo, pessoal e intransferível. O que parece banal é sofisticado e singular, dependendo de quem prepara e mais ainda de quem come. Não basta saber fazer, tem que saber comer. Para os dois, quem produz e quem consome, a regra é a observação.

Para provocar os sentidos o trabalho de quem faz é delicado. Deve-se passear pelas nuances que compõem essa arte. Aprender a trabalhar com as diferenças e os extremos, com sutileza ou agudeza, conforme a surpresa que se quer dar. Às vezes, a comida serve apenas para aquietar, confortar, restabelecer. Outras vezes serve para inquietar, mexer, seduzir.

Visão, olfato, gustação, tato e audição


Contrastes de cores são estimulantes de apetite e verduras, legumes e frutas são ricos em cores. Ervas e especiarias estimulam o olfato. O doce, amargo, azedo, salgado, picante causam inquietação. O cremoso, o líquido, o crocante, o duro, promovem surpresas. Há muito que brincar. Para a audição, só serve a boa companhia à mesa.
Depois de tudo preparado, cozido e feito, valerá a minha interpretação. A sinestesia provocada pelos sentidos pode ser um cheiro ou um sabor me levará a um lugar, uma cena, uma companhia.

Quando sinto o cheiro da Sálvia ou do Hosmarino, lembro da queima de ervas em dias santos católicos. Lembro da vila onde minha mãe morava no interior do Rio Grande do Sul. Lembro da casa de minha avó materna. Isso conforta.


Quando como sushi, lembro dos casamentos japoneses que aconteciam no restaurante da família. Lembro do Bon Odori que é uma dança de tradição budista, uma homenagem a alma dos antepassados, que ocorre em minha cidade e em outros lugares, desde meu tempo de menina. O feijão com arroz é um aconchego doméstico.

Todas essas sensações provocadas pela comida nos conectam a muitos mundos, aqui e agora e atemporais, como se tudo acontecesse ao mesmo tempo, passado e presente, o formato infantil e adulto que se manifesta em nós, como um instante de mediunidade.

Comer com prazer não é humano. É divino. Há que se respeitar santamente o paladar e o querer de cada um.

Nhoque de mandioquinha-salsa recheado com 
queijo e amêndoas com molho de manteiga e ervas



Ingredientes:

            Para o Nhoque:
·         350 g de mandioquinha descascada
·         1 colher de sopa de manteiga derretida
·         1 colher de sopa de queijo parmesão ralado
·         1 xícara de chá de farinha de trigo
         ·          1 gema de ovo
·         sal a gosto
·         Recheio:
·         2 colheres de sopa de mussarela ralada
·         2 colheres de sopa de requeijão
·         1 colher de sopa de parmesão ralado
·         1/2 xícara de amêndoa torrada sem pele

            Para o molho:
·         100 g de manteiga
·         ½ xícara de salsão bem picado
·         ½ xícara de cenoura bem picada
·         2 talos de cebolinha picada
·         4 folhas de sálvia picadas
·         10 folhas grandes de manjericão picadas
·         2 ramos de alecrim desfolhados
·         Casca de 1 laranja ralada, passada pela água fervente e peneirada
·         1 alho poro picado
·         Queijo parmesão ralado a gosto
·         Sal a gosto
·         Pimenta do reino branca a gosto

Preparo:
    Cozinhe a mandioquinha em água com sal, o suficiente para cobrir. Escorra e esprema no espremedor de batatas ou amasse com um garfo. Leve a geladeira para esfriar.
    Misture a manteiga derretida, a gema de ovo e o queijo parmesão na mandioquinha já fria e acrescente a farinha aos poucos, até que dê ponto de enrolar. Reserve.
    Misture os ingredientes do recheio e leve a geladeira para firmar, cerca de 10 min.
    Pegue cerca de 1 colher de sopa da massa de mandioquinha, recheie com a mistura de queijo e ½ amêndoa. Faça bolinhas. Repita a operação até acabar toda a massa e o recheio. Coloque as bolinhas sobre uma superfície enfarinhada até o momento de cozinhar.
    Em uma panela com água fervente com sal, cozinhe os nhoques até que subam a superfície. Escorra e coloque na travessa de servir.
    Numa frigideira grande, aqueça a manteiga. Acrescente o alho poró, o salsão e a cenoura. Refogue. Coloque as ervas, o sal e a pimenta. Por último a casca de laranja ralada.
Cubra o nhoque com o molho e misture. Salpique com o queijo parmesão e sirva.

* Mariza Poltronieri é culinarista em Maringá, PR. E tem espaço garantido aqui, para escrever sempre que quiser, sobre alquimia gastronômica. Ou, sobre o que ela desejar.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A banda de lá

Porque hoje é terça. Porque esses inglesinhos fazem um bom som. E porque... porque me deu vontade de postá-los aqui.

sábado, 21 de julho de 2012

The Lady


Hoje, por absoluta saudade, passei os olhos na estante e saquei de lá um disco de Billie Holiday. Era um disco de coleção. "Me Myself and I". E ao ligar o cd player a voz maiúscula da "Lady Day"encheu o espaço de emoção.


Enquanto ouvia, naveguei na internet. Entrei no Blog do Grings e, extrema coincidência, descubro uma postagem dele falando sobre Billie. Esta semana, dia 17 - pra ser mais preciso, fez 53 anos que Billie morreu.

Grings fala do amor dele pelas canções e pela voz dela. E enquanto ele descreve, e enquanto leio, penso que sinto algo parecido. Recordo de ter-me emocionado desde a primeira vez em que escutei Billie.

Quis saber mais sobre aquela mulher. Descubro que sua história tem tudo a ver com a sua imagem de mulher, vigorosa e frágil ao mesmo tempo. Voz de diva. Capaz de dar beleza à dor e de envolver com maciez o sofrimento. Grings  gosta de All of me. Eu também. Então, como ele diz, canta ai, Billie.



Sambinha bom

Mallu Magalhães. Pra temperar a noite de sábado. Com um Sambinha Bom.

Houve um tempo

Tereza Guerreiro é uma amiga virtual (no fundo, já a tenho mais como amiga e menos como virtual), que vive em Lisboa e assina um blog cujo título, por si só, já é uma poesia: "Rua dos Dias que Voam". Não é, mesmo?

É lá que Teresa se encarrega de cultivar a memória dos seus, de sua cidade, de seu país. Um manjar para quem aprecia belas imagens e histórias. O blog é assinado também por outras pessoas amigas de Teresa. E é um dos meus preferidos.

Dias destes, fazendo a minha viagem virtual diária pelos blogs que gosto de ler, encontrei um primor de imagem postado lá. Algo datado do final do Século XIX. Um manual de escrita, um raro documento destinado a ensinar a fazer caligrafia. A imagem, reproduzida logo abaixo, foi assim identificada por Teresa:

Hoje em arrumações, organizando a colecção Argonauta, encontro este livrinho destinado às escolas elementares em 1878. Ensina ele a escrever, com lindas e claras caligrafias. Editadas por J. L. Palhares, pois então.




Mas o que me chamou mesmo a atenção foi a cópia de uma das páginas do "Manuscripto" que traz o exemplo de uma carta de apresentação. Na verdade, uma carta que apresenta e pede auxílio ao portador. Um pedido de esmola a um trabalhador desempregado. Eram tempos diferentes aqueles. Tempos de confiança, de solidariedade... Tempos em que era possível gastar o tempo escrevendo uma carta para pedir ajuda a alguém, por outro alguém.


quinta-feira, 12 de julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Brasília, de Ronaldo, no Canadá


O cartaz da exposição de Ronaldo Silva, no Canadá. 

“Água mole, em pedra dura, tanto bate até que fura”, diz o velho ditado, que cabe bem à determinação do fotografo Ronaldo Silva (aqui, entre nós, o chamamos de Ferreirinha). Ronaldo é fotografo do cotidiano, vive em Brasília e, neste momento, mostra o seu olhar especial sobre a cidade a milhares de pessoas, de todos os cantos do mundo, que visitam a exposição “Expressions of Brazil” que mostra um pedaço do Brasil, em Toronto, Canadá.

Ronaldo Silva, o primeiro à esquerda,
durante entrevista a uma rádio em Toronto.
A parte que coube a Ferreirinha foi mostrar a Brasília, que aos seus 52 anos de idade é também um Patrimônio Cultural da Humanidade. E ele cumpre bem essa missão. Basta olhar as fotos selecionadas para a exposição.

Há ali o desenho geométrico que vicia os nossos olhos ao belo traço do arquiteto. Mas há também o lúdico enigma de Lúcio, com quem Niemeyer fez dupla no desafio de arquitetar Brasília; e a mais perfeita tradução da ousadia política de Juscelino.

Vibrante nas cores e nas formas, o  olhar de fotógrafo de Ronaldo Silva, nosso Ferreirinha, vira poesia em forma de imagem. Dos balões no fim da tarde, às  margens plácidas do Paranoá, passando pelas palmas estendidas ao céu da Catedral de Brasília, tudo é poesia.

O trabalho de Ronaldo Silva traduz um movimento de inspiração e de alegria nesta Brasília tão acostumada a suspiros de dor e tensão. Viva Ronaldo e seu olhar de fotógrafo! Viva Brasília!

Martin reencontrado

Ivone (a segunda da esquerda para a direita) e suas
amigas da associação de cuidadores de animais.
Ivone e Paulo são dois amigos, amigos mesmo, que conhecemos em Lisboa. Desses que a gente não esquece jamais. Hoje, passando pelas páginas da internet, me deparo com uma historinha curta e comovente.

Creio, pelo que leio, que Ivone faz parte de uma associação que recolhe animais abandonados - CRAPAA - Caldas da Rainha Associação Protetora dos Animais Abandonados. Pelo visto, uma entidade que completou dez anos de atividade, em 2011.  Entre tantos animais desamparados, um gatinho chegou até eles. Não tinha sinais de maus tratos. Mas estava muito sujo. E muito triste. E eles passaram a cuidar do bichano. Como cuidam de todos os outros. Esse animais são, quase sempre, protagonistas de histórias com finais infelizes.

Mas com o gatinho foi diferente. Conta a Ivone que uma senhora entrou na associação e começou a relatar a perda e a posterior busca desesperada pelo seu gatinho de estimação. Martin, era o nome dele. Perdido desde fevereiro deste ano. Uma busca sem sucesso.

Enquanto ela contava a história, o tal gatinho triste começou a miar. De forma insistente. Constante. Quase um pedido de socorro. A senhora ficou curiosa e foi ver o gatinho. Era ele! Martin, o seu gato perdido. Por ironia do destino, tinha ido parar ali. Justo onde a sua dona decidira recontar a sua história.  De uma só vez, Martin resgatou sua identidade, deixou de ser triste e passou das mãos cuidadosas da Ivone para os braços protetores de sua dona. Um incomum final feliz. Digno de registro.

Martin, feliz e acolhido no colo de sua dona. 
Aconteceu lá em Portugal. Faz poucos dias. Mas poderia acontecer em qualquer lugar do mundo. Com todo mundo que não costuma perder a esperança. Pra começar a quarta-feira. Com história de final feliz e música de boa qualidade. Angus & Julia Stone - You'are the one that I want. Ao vivo e acústico.

domingo, 8 de julho de 2012

O amor em repouso

Direto, do Concerto para Bangladesh, em 1971, para o fim desta manhã de domingo. While My Guitar Gently Weeps.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Tentayape em Katmandu


Roberto Alem Rojo

Direto de Cochabamba, Bolívia, recebo um e-mail do meu compadre Roberto Além Rojo
"Estou embarcando para Katmandu. Meu documentário foi selecionado para a mostra de filmes indígenas do festival que acontece lá, todo ano."
Dá quase pra ver a alegria dele exalando pelos teclados. 
Sobre Roberto já falei muito aqui no Blog. Inclusive sobre a última aventura a que ele me convidou a participar, dando pequenas contribuições ao roteiro do filme Teoponte. Quem quiser conhecer um pouco mais dessa história é só clicar aqui.  
Roberto, Alejandro, Ramon e Gustavo Ostria.
Parte da turma encarregada de escrever o roteiro de Teoponte
Junto com o convite, Roberto me manda um texto que foi escrito e publicado por outra grande figura, Ramon Rocha Monroy, um grande amigo que fiz e um dos maiores jornalistas e roteiristas bolivianos dos tempos recentes. Sobre Ramon também já escrevi aqui no blog, querendo conhecê-lo melhor, basta clicar aqui. Você não vai se arrepender.
Esses dois amigos, sem que se dêem conta e cada um na sua área específica, às vezes juntos, às vezes separados, vão traduzindo a história da Bolívia em letras e imagens. Um e outro merecem respeito, apoio e admiração pelo que fazem. 
Por isso, aproveito a deixa para traduzir (livremente) e publicar aqui também o texto em que o Ramon conta um pouco da luta do Roberto para produzir filmes e documentários. É a minha forma de ajudá-los e de dizer o quanto lhes admiro e respeito.
Roberto Alem Rojo é convidado para Festival de Cinema do Nepal
Por Ramom Rocha Monroy
No ano passado, Roberto Alem Rojo esteve na Instituição Smithsonian, convidado a expor seu documentário "Tentayape, a última casa".  Agora, ele foi convidado a ir a Kathmandu, pelos organizadores do 6º Festival Internacional de Cinema e Vídeo dos Povos Indígenas, NIIFF, que acontece a partir do dia 14 julho de 2012, no Nepal. Roberto vai exibir o mesmo documentário.
Pueblo Ava Guarani, em Tentayape.
Segundo a descrição oficial, "Tentayape é o último refúgio Ava Guarani intacto na Bolívia. Em Pleno Século XXI, esse grupo social faz convergir tempo e espaço para mostrar ao mundo um outro sentido da vida, onde a base  é a solidariedade, a austeridade, a preservação da natureza e a liberdade. Um exemplo cultural de dignidade e auto-gestão."
Junho e julho tem sido meses muito produtivos para este prestigioso documentarista boliviano. No último dia 05 de junho, o Arquivo Nacional de Cinema de Santiago do Chile, localizado no piso térreo do Palácio de la Moneda, exibiu "Teoponte; o retorno às montanhas", um documentário de curta metragem (56 minutos) feito com base no livro escrito por Gustavo Rodríguez Ostria, Teoponte, a outra guerrilha Guevarista na Bolívia."
A sinopse do documentário é a seguinte:
Dia da partida dos jovens revolucionários - Teoponte
"Teoponte é a história de jovens que vieram de vários países latino-americanos, unidos pelo sonho de construir uma sociedade melhor. Um grupo disposto a pagar com um alto preço, a sua própria vida, para tornar esse sonho possível. Esta fascinante aventura na selva boliviana, tornou-se uma tragédia enorme.
A maioria desses jovens idealistas foi morta de forma brutal. Quarenta e dois anos depois, os sobreviventes têm a oportunidade de dar início a uma nova luta histórica, para vencer o esquecimento, sem  perder de vista que o sonho de que construir uma sociedade melhor continua possível."
Também no último dia 19 de junho, no Festival Internacional de Cinema e Vídeo sobre Direitos Humanos "Temos de ver", em Montevidéu, Uruguai, apresentou "Cochabamba, Nunca Mais - 11 de janeiro de 2007", outro documentário que leva a assinatura de Roberto Alem Rojo.
O documentário conta a história de uma sangrenta batalha nas ruas de Cochabamba, sob o governo Evo Morales. O documentário é assim apresentado:

"Desde o ano 2000, a Bolívia está passando por uma série de transformações políticas e sociais que levaram a acontecimentos trágicos. Um deles transformou as ruas da cidade de Cochabamba em uma praça de guerra, em janeiro de 2007. Foi quando duas forças opostas se enfrentaram, aprofundando a divisão social do país. O objetivo deste documentário é despertar a consciência das pessoas, para que dias como esses nunca mais aconteçam".
Roberto Além faz um trabalho incansável e exemplar, digno de todo louvor, porque na Bolívia, como de resto em muitos outros países da América Latina, há uma escassez de recursos para a produção de documentários e de filmes, ainda que o número de documentaristas cresça a cada dia.
Conheço de perto todo o sacrifício que passa Roberto para cumprir sua vocação há mais de 30 anos. Um documentário como Tentayape, que foi selecionado pelo Smithsonian e agora pelo Festival de Kathmandu, exigiu dele uma verdadeira entrega ao povo Guarani. Algo que vai muito além das exigências normais da produção de um simples documentário. Assim, Roberto ganhou a confiança dos “capitães Guarani, dos homens e mulheres desta comunidade, com quem hoje se relaciona mais como um amigo de confiança do que como um cineasta profissional.
Roberto ainda não conseguiu levantar os recursos necessários para produzir o longa-metragem, documento-ficional, "Teoponte", mas ninguém duvide que conseguirá. Todo o seu esforço para isso já se transformou em um belo documentário televisivo que vem recebendo muitos elogios da crítica e do público, em todos os lugares onde já foi exibido.
Da mesma forma, "Cochabamba, nunca mais" não teve um orçamento adequado, entre outras razões, porque desde o início Roberto escolheu registrar os fatos como um observador equilibrado, sem resvalar em qualquer viés político no registro dos inúmeros testemunhos dessa jornada dolorosa.
Para produzir e trilhar o seu longo e virtuoso caminho pelos festivais mundo a fora, Roberto Alem Rojo tem contado com o apoio inestimável  da Cruz Vermelha Suíça, da Fundação Simon I. Patiño, do Cidre IFD e das produtoras Imago e Buena Onda Americas.