quarta-feira, 30 de maio de 2012

Comidinha de quarta


Chove lá fora. O dia termina com ar de cansaço. Nada de novo no front. O telefone toca. Estás em casa? Estou. Vou ai te deixar um pacote de farinha que trouxe do Acre. Venha.

Quem não conhece a farinha do Acre pode estar-se perguntando: E daí? Dai que a farinha do Acre não é do Acre. É dos Deuses. Principalmente aquela, feita em Cruzeiro do Sul e temperada com Côco.

Meu irmão chega, com a farinha. É rápido. Só pra deixar o pacote. Mas tem uma taça de vinho. Tá bem. E tem prosa. Tá bem. E tem bacon. "Guentaí" que eu vou fazer uma farofa. Não, o povo tá me esperando em casa. Nada, . "Guentai" que sai já uma farofa.

Ligação pra casa, pra a mulher liberar um tantinho a mais de tempo. O tempo de comer a farofa e beber mais uma taça de vinho. Prometo mandar um pouco pra ela. Green card. Farofa, vinho, prosa boa. Tem coisa mais besta e deliciosa do que isso, feito assim, ao acaso, sem combinar?

Mariana e o instagran resolvem registrar. Hoje em dia, nem farofa escapa da rede. Valeu, "mermão". Quando quiser, venha. E traga mais farinha do Acre.

domingo, 27 de maio de 2012

Encontros e despedidas

Há um tipo de encontro que a gente não escolhe. A vida nos faz trilhar esses caminhos. Às vezes, cedo, às vezes, mais tarde. Na maioria das vezes, no tempo certo. Hoje, foi assim. Recebemos Edival e Bárbara. Velhos novos amigos. Numa cena de encontro e partida.

Eles se juntado em uma caminhada comum. Nós, partindo de um canto para o outro. Domingo, fim de tarde, grama verde, muro azul, pizza e vinho.

Boas histórias que não devem ficar só nisso. Na Bahia, em Montevideo, ou em qualquer lugar do mundo. A gente ainda se encontra.

Edival e Bárbara. Novos/velhos amigos.

domingo, 20 de maio de 2012

A música, Mariana e eu

No colo, ouvindo música...
... pra se acalmar. 
Desde pequena Mariana sempre demonstrou ter ouvido musical. Ainda na barriga da Mara ela ouviu as primeiras músicas que eu escolhia. Já do lado de fora, ouvia Egberto Gismonti, Milton Nascimento, Louis Armstrong, Bach e Vivaldi, no fone de ouvido, e se acalmava. Mariana cresceu cercada de boa música.

Argumentando
Mariana sempre foi uma menina "perguntadeira". Queria saber o porquê de tudo. E assim foi que a curiosidade dela já a levou muito longe, mesmo pequena. Ela sempre fez questão de argumentar. Mesmo nos lugares e nas situações mais inusitados.

Senta que lá vem pergunta
Nos fins de semana, quando eu parava pra ler jornais, ela vinha. Se acomodava em minhas costas, do jeito que mais gostava. E começava o "trololó".

Sempre, uma questão por esclarecer
Quando a gente ía pro campo, no meio do rio, com água batendo por todos os lados, não importava o lugar, ela sempre teve algo para perguntar.

Perguntando. Na planície ou na montanha.
Foi assim também quando a gente vagava nos campos, ao pé da Cordilheira dos Andes. Ela aproveitava o meu cangote e perguntava.

Enfrentando o primeiro "monstro"
Até quando enfrentava seus medos, ela perguntava (ou tentava argumentar). O primeiro confronto com um "monstro" galináceo, chegou a produzir, por algum tempo, um pequeno trauma. Mas Mariana venceu o medo e as galinhas.

Cantarolando
Quando não estava perguntando, Mariana estava ouvindo música ou cantarolando. Foi sempre assim. Desde pequena.

Ainda há pouco, tive a prova exata de que o amor pela música, que habita em mim, também invadiu sua alma. Ela chega da rua e me vê sentado em frente ao computador. Eu ouço uma música. Ela elogia. Me abraça. Espera a música acabar.

Enfia o dedo nos teclados com a agilidade que só esses meninos modernos têm. E seleciona um clip no You Tube. Já viu isso, pai? É Golye. É lindo! E a música toca. É linda mesmo. Ela, quase uma cineasta formada, vai explicando coisas do clip também. Sobre como a filmagem foi feita, as técnicas utilizadas, etc. (Veja o vídeo ali embaixo).

Depois, pergunta: Você conhece Janelle Monáe? Respondo que já vi algo. Ela seleciona outro clip. (Também dá pra conferir ali embaixo) Fico olhando e pensando. Um dia, fiz isso com ela. Mostrei-lhe as coisas do meu gosto. Ajudei a formar o seu gosto musical. Hoje, sou um apreciador da "Playlist" da minha filha. Ouço as músicas que ela me mostra e me acalmo. Por fim, chego a uma conclusão: A música vai ser sempre uma ponte entre os nossos mundos.


sábado, 19 de maio de 2012

O amor precisa da sorte

O Exato Momento. Zé Ricardo. Porque hoje é sábado.

The Black Mamba

Difícil pra nós aqui, do outro lado do Atlântico, imaginar um trio português de blues, de soul music ou funk. Mas os caras existem na forma do The Black Mamba e não fazem feio. Pelo que leio, Pedro Tatanka (voz  e guitarra), Ciro Cruz (baixista) e Miguel Casais (baterista) estão juntos desde 2010.
A junção do três ganhou força no circuito de apresentação dos bares lisboetas e não houve mais o que os segurasse em suas viagens musicais. Agora há pouco, no início de maio, lançaram o primeiro disco de onde se pode comprovar a boa qualidade do vídeo "It ain't you", single de trabalho do grupo. Blues português  de primeira qualidade. Aumente o som. 


sexta-feira, 18 de maio de 2012

Otro más

Al otro lado del Rio. Jorge Drexler. Uma canção, aí sim, para fechar a noite de sexta.

Há um rio por atravessar. Do outro lado, creio ter visto uma luz. Sobretudo, creio que nem tudo está perdido. Uma voz, um suspiro. Remar, remar, remar. Até o outro lado do rio.

Sueños

Pra terminar a noite. Minha "prima" mexicana e famosa: Julieta Venegas. Com Diego Torres. Sueños. Pra bailar.

Velhas tardes, belos dias

Opílio Viégas,
meu avô.
Em 1977, meu avô, Opílio Viegas,  me chamou para acompanha-lo em mais uma viagem de ônibus. Eu estava prestes a completar 15 anos. Desde que meu pai fora transferido para o Paraná, em 1970, "seu" Opílio não abria mão daquela viagem anual de retorno a São Luis do Maranhão. E eu, neto mais velho, era sempre escalado para seguir com ele.

Para mim, era uma aventura fantástica. Cruzar o país em quase 80 horas seguidas, ininterruptas, de ônibus, tinha um sabor especial e, creio, foi o que plantou definitivamente em mim um certo espírito "cigano", uma vontade incontida de estar sempre buscando um outro horizonte. Eu esperava ansioso cada nova partida. Mas, naquele 77, a viagem foi marcante.

No dia em que  desembarcamos em São Luis, meu tio Zé, irmão de minha mãe, e minha tia Belinha, mulher dele, questionaram o meu avô sobre a possibilidade de minha permanência por mais tempo em São Luis. Eles queriam que eu ficasse morando lá para iniciar os estudos do que, à época, se chamava Colegial (antigo Ginásio).  Os meus olhos brilharam diante da possibilidade. Fiz um silêncio sepulcral, mas um furor contido me tomou de assalto e pedia que eu gritasse de vontade de ficar.

Meu avô, homem prático, disse não ver problema. Mas condicionava a decisão à autorização de meus pais. Resultado, fiquei. Foi a minha primeira aventura individual. E foi uma época de descobertas juvenis.

Década de 70.
Eu, pouco mais
que um menino.
Meus tios moravam no "Beco do Seminário", atrás da Igreja de Santo Antônio, região central de São Luis. A rua era pequena, um beco mesmo, e todo mundo se conhecia. Lá, fiz os meus primeiros amigos depois da infância. Conheci Maria Tereza, minha primeira namorada. Descobri que a distância que me separava da Madre Deus - bairro onde eu nasci - e dos meus amigos de infância, era nada. E muitas vezes fiz a pé o trajeto entre o Centro da cidade  até lá para reencontrar e conhecer de fato as minhas origens.

Mas havia a novidade do colégio novo, dos amigos novos e... da Discoteca! Em plenos anos 70, o "Disco Club" invadia o mundo e o Brasil, de Norte a Sul. E a ilha de São Luis não estava isenta dessa invasão. Então, havia  bumba-meu-boi, quadrilha de São João, havia a Turma do Quinto, manifestações populares de raízes telúricas, mas aos sábados à tarde, nada me desviava de boas horas de saculejo numa discoteca que ficava no lado Oeste da ilha, bem diante da Ponte de São Francisco. A memória me trai e eu não consigo lembrar agora o nome daquele lugar.


Ponte de São Francisco - São Luis - MA
Lá, acompanhado por Maria Tereza, por Patrícia Weber, por Ebínio e Marcio confirmei que dançar é essencial à vida. Repartíamos um gim/tônica ou uma Cuba-libre, era o máximo que se permitia. E sacodíamos todos, juntos ou separadamente, num baticum interminável por horas e horas... Até as nove da noite.

Donna Summer, rainha das velhas tardes, na discoteca.
Ontem, surpreendido pela notícia da morte de Donna Summer, me lembrei de tudo isso. Donna era a rainha das nossas tardes/noites de discoteca. Sua música, associada aos efeitos das luzes estroboscópicas, era o clímax de toda festa dançante. "I feel Love" era a nossa preferida. Longa, limitada, repetitiva, mas maravilhosa pra dançar. Pelo menos, naquela época.

Hoje, pensando nisso tudo, percorro mentalmente cada uma das ruas da minha cidade. Como numa das viagens de retorno do meu avô a São Luis. Por alguma razão, tenho mais claro agora a intensidade do sentimento que o fazia voltar sempre à nossa ilha.

Velhas tardes, belos dias.



quinta-feira, 17 de maio de 2012

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Espera, eu não ando só


Enquanto espero que o tempo mude, leio, escrevo penso e vago na vaga do vento. Seria doença, isso que sai pelos meus pés? Sei lá. Penso que não. Sei apenas que sai de meu corpo um resto sangue que já não é meu. E se quer sair, é melhor que vá. Eu espero passar. Pacientemente, espero.

Tarde de esperar. Esperança. Tarde de se acalmar diante do nada. Tarde de reparar. Nada mais. Aproveito as horas pra me fazer forte. Visito os sertões de Rosa. Bebo da terra Brasílis e descubro um país recém nascido. Me reencontro com as imagens de menino de escola. Reconheço nomes e datas. E tudo adquire sentido novo, viçoso, pra mim.

Salto do livro ao vídeo. Sem por os pés no chão. Meus pés, por determinação, se mantêm no alto. Nada que me vire a cabeça. Eles, assim, apenas me fazem mais lento no andar. Na mente, ah... Aí, é quando eu alcanço as estrelas.

Recorro a Fernando Pessoa e um dos seus heterônimos, Bernardo Soares. Bernardo também sou eu. Eu já disse aqui. Quando eu nasci, minha avó queria que eu me chamasse Bernardo. Talvez por isso, o Bernardo de Manoel de Barros seja tão recorrente. Agora, entretanto, me refugio em outro. Outro Bernardo. O de Pessoa. Pra dizer que não sei quantas almas tenho.

Não sei quantas almas tenho
cada momento mudei
continuamente me estranho
Nunca me vi, nem olhei
de tanto ser
só tenho alma

Às vezes, sou o Deus
que trago em mim
e então, eu sou o Deus
e o crente
e a prece
e a imagem de marfim
que esse Deus esquece

Às vezes, não sou mais que um ateu
O mundo rui
ao meu redor

Os meus sentidos oscilam
bandeira rota ao vento
busca um porto longe
uma nau desconhecida

E esse é todo o sentido
da minha vida
                                                                           
                                                                         Bernardo Soares (Fernando Pessoa)


Na vaga de minha mente há uma trilha sonora. Me ajuda a enfrentar o hiato entre o ser e o estar. Porque eu sou, hoje, não mais do que um pensador. Penso, logo resisto. Insisto e nisso enxergo poesia e razão pra seguir. Pensando, me visto, me guardo, me preservo. A poesia me renasce.


Das coisas que esse tempo imposto me deu, gostei de reencontrar Maria Bethânia. De vê-la quase Canô. Na imagem e semelhança de sua mãe. Com a voz preservada de menina. Com a altivez de quem pode, sim, dizer uma ameaça doce - Não mexe comigo, eu não ando só. E numa carta de amor, encher minha tarde/vida de alegria e cor.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Buena Vista Next Generation

O antigo e o novo som de Cuba cruzam as fronteiras do tempo e da intolerância. Nem moderno, nem clássico. Legítimo e, por isso mesmo, revolucionário. Isso que a gente não entende direito, o poder da música, é o que nos faz refletir e sonhar - a liberdade é bela, como uma sinfonia popular.

Um orgulho, às cinco

Cinco e meia da manhã. 
Minha filha desce a escada. Vai trabalhar.
Trabalha em uma produtora que cuida de filmes e de redes sociais. 
Orgulhosa, me entrega o seu primeiro cartão profissional. Lá está escrito:

Mariana Viégas
Analista de Redes Sociais

Cinco e meia da manhã. 
A vida profissional de minha filha, pra meu orgulho, começa bem cedo.




domingo, 13 de maio de 2012

Sobre amigos, filhos e mães

Liliana Bayá teve duas filhas, Tessai e Aimé. Liliana nasceu na Argentina e foi criada na Bolívia. Eu, nascido no Maranhão, a conheci fazendo faculdade, no Rio Grande do Sul. Sim, esse imenso laboratório de culturas e raças chamado Brasil, nos juntou em solo gaúcho e fez de nós grande amigos. Na UNISINOS, fizemos algumas disciplinas na mesma turma, ainda que ela fizesse Arquitetura e eu, Jornalismo.

Nessa época, nós dois éramos como bichos de zoológico nas salas de aula, em meio aos nativos do Sul Maravilha (em sua maioria, filhos ou netos de famílias que vieram da Europa). Eu nordestino, ela castelhana. Servíamos de parâmetro para toda e qualquer discussão. A cada exemplo, lá vinha a pergunta: E como é isto no Nordeste? E como é aquilo na Bolívia? E assim fomos ficando cada vez mais amigos.

Liliana casou e nasceu a Tessai. Por conta das exigências do curso de arquitetura, muitas vezes a Liliana se socorria comigo e com a Mara para cuidarmos da Tes, enquanto ela dava conta dos seus trabalhos de faculdade. Acho que cuidamos tão bem que quando a Aimé nasceu, fomos convidados a ser padrinhos dela.

Tessai, Aimé e Liliana

Entretanto, o convite veio quando nós já não vivíamos na mesma cidade. Penso até que a Liliana já havia voltado para a Bolívia e já estava casada com Roberto, que àquela altura, também já saíra do primeiro casamento e trazia consigo um filho, o Andrés. Formaram uma nova família.  Nossa amizade, mesmo à distância, se reforçou tanto que o convite para o batizado se manteve. Ao final, nos tornamos padrinhos da Aimé, que só fomos conhecer de perto alguns anos depois.

Zoe e Aimé
Há pouco tempo, em uma viagem de trabalho que fiz à Cochabamba, estive com meus compadres Liliana e Roberto. Também estive com Aimé, que a esta altura já lhes deu uma neta linda, que se chama Zoe.

Sentados: Aimé, Zoe, Liliana e Tessai. De pé: Roberto e Andrés.
Em encontros assim a gente se dá conta de duas coisas: o valor das amizades e a passagem do tempo. Nossas crianças crescem rápido demais. E nós não percebemos essa velocidade, senão quando nos deparamos com eles crescidos, adultos, já transformados em pais e mães.

Aimé em ação com a filmadora.
Nossa afilhada cresceu. 
Ontem, fazendo o meu percurso natural de busca por informações na internet, me deparei com uma foto da minha afilhada, Aimé,  em ação. Sim, ela estava de câmera em punho, fazendo imagens para algum documentário, cercada de nativos bolivianos, em algum lugar da Cordilheira dos Andes.

Não tenho certeza, mas penso que a escolha da profissão da Aimé se deu, também, pela convivência com o Roberto, meu compadre, que é diretor de cinema, fotógrafo e roteirista dos melhores que conheço. É bem verdade que hoje ele é mais conhecido por ser um avô coruja da Zoe, do que por qualquer outra coisa.

Roberto e Zoe
Seja o que for, não importa. Importa que a nossa Aimé cresceu, é mãe e é uma profissional competente, sem ter deixado de ser a nossa afilhada, a nossa criança. Escrevendo estas palavras de amor, carinho e saudades para a Aimé, eu aproveito este fim de dia das mães para transformá-la em portadora de minha homenagem a todas as mães desse imenso universo.  Que elas nunca deixem de ser, em essência, a criança que as transformou em grandes mulheres.

Tessai e Liliana

Navegar é preciso

Silma singrando as águas, com Belém ao nascer do dia.

Minha prima Silma Ferreira descobriu a arte de navegar. Mais do que isso. A arte de remar. E desde então, não há rio que a segure. Desbravando as águas como um "Amir Klink" paraense, ela segue  registrando suas conquistas aquáticas.

Silma é filha de meu tio Silvestre, irmão de minha mãe, Isabel. Foi só depois de adultos que tivemos a oportunidade de nos conhecermos. Entretanto, a distância de tempo e de geografia (ela hoje mora em Belém), não nos fez estranhos. Ao contrário. Há uma estranha ligação que nos faz muito próximos. Sem falar muito, sem saber muito, um a respeito do outro. Até mesmo, sem estar muito perto.

Mas devo dizer que sinto uma alegria imensa ao vê-la, todos os dias, quando ligo o computador e a encontro, com o auxílio da internet, desbravando mares, rios e marés. Em aventuras que produzem imagens lindas como a que ilustra esse post. Silma leva a efeito as palavras ditas há tanto pelo poeta: "Navegar é preciso. Viver, não é preciso".


sábado, 12 de maio de 2012

Fé na Festa

Cena do DVD Fé na Festa - Foto: Divulgação
Em setembro de 2010 Gilberto Gil lançou uma disco em que voltava às raízes da mais pura cultura popular brasileira: Fé na Festa. O CD veio recheado de canções inéditas e marcou o reencontro do autor com o baião, o xaxado, o xote - ritmos associados à nordestinidade brasileira - e, enfim, com as festas de São João.

O disco foi um sucesso e o DVD, ficou melhor ainda. Gravado em setembro daquele ano no Retiro dos artistas, no Rio de Janeiro, o show é de uma simplicidade comovente. Alegria e bom gosto em estado puro. Ainda mais com o convidado especial, Dominguinhos - o mais legítimo herdeiro do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

Ontem à noite, enquanto o sono não vinha, afugentei os maus pensamentos com música. Foi um acaso que me levou a assistir o documentário completo do show. Eu zapeava à procura de algo que não fosse notícia, nem filme de violência, nem filosofia barata. Minha zapeada parou ali, num canal de musicais, na hora do início do show. E fui até o fim, sem piscar os olhos e louco de felicidade.

De lá, encontro agora, na blogosfera, dois belos momentos para compartilhar com vocês. Lamento Sertanejo, clássico da MPB; e Um Riacho, um Caminho, música nova da dupla. Nos dois casos, a música é de Dominguinhos e a letra, de Gil. Uma beleza. Vai aí, com Fé na Festa, que você vai ver. Pra afugentar os maus pensamentos.  



sexta-feira, 11 de maio de 2012

Horizontes... Ainda

Me escreve o meu compadre Roberto Além Rojo, cineasta, fotógrafo, um legítimo poeta das imagens. Para dizer que graças a "estes horizontes de sexta", fazendo uma referência à postagem que está logo ali abaixo, "a gente não perde a esperança". 

E me manda de presente duas paisagens legitimamente bolivianas. A Estação de trens de Challapata e uma ilha no Salar Del Uyuni. Valeu, Roberto!

Estação Challapata - Bolívia

Ilha no "Salar del Uyuni"


Música ao meio-dia

Sobre o horizonte e a sexta-feira

O entardecer no pantanal, pelo olhos do Guilherme Rondon.
A foto ai acima foi postada pelo Guilherme Rondon em sua página, no Facebook. Traduz o fim do dia no Pantanal Sul-matogrossense, visto da porta da casa dele. É linda e faz justiça ao espaço e à beleza daquele lugar. Aqui no blog, além de reconhecer as qualidades fotográficas do Guilherme, ela serve para abrir a barra do dia, para inaugurar a manhã de sexta-feira, com o mais profundo desejo de que seja um belo dia.

Inevitável lembrar de outras plagas e outros lugares também. Há poucos dias, Ronaldo Ferreira me mandou uma panorâmica de Brasília e sua noite horizontal. A cidade das linhas retas e curvas tem seu esplendor noturno traçado no horizonte.

Brasília, noturna e horizontal, por Ronaldo Ferreira.

 A linha do horizonte desse país continente chamado Brasil se transfigura a cada momento. Quando fiz 45 anos, me dei de presente uma viagem retorno à minha terra, São Luis do Maranhão. Estando lá, corri aos Lençóis Maranhenses, imensidão desértica de areia branca pontuada por lagoas incontáveis de água doce. Não há como traduzir aquela imagem. É olhar e se encantar.

Lencóis de um bom passado maranhense
Por fim, uma imagem dos sonhos. Um desejo de criança, plenamente realizado diante dos Moinhos da Holanda. Uma cena que me encantou anos a fio nas páginas dos livros de escola. E que meus olhos de adulto puderam tocar, no horizonte real.

Olhar de adulto sobre o moinho da infância do menino
Incrível a capacidade do pensamento. Inacreditável o que a mente humana é capaz de fazer. Em um instante, provocado pela foto do Guilherme Rondon, estive no Pantanal. Depois passei por Brasília, pelos Lençóis Maranhenses e cheguei à Holanda. Tem chance de dar errado uma sexta-feira que começa assim?

terça-feira, 8 de maio de 2012

Carta ao meu maestro soberano

"Piso no pedal do sonho
E a vida ganha mais alegria
Ganha o meu tesouro da juventude
Que foi em Pedra Azul
E em toda parte

Onde tive o que sou"
                          Beto Guedes

Luiz Theodoro, "meu maestro", e eu.
Querido Maestro, saudades.

Sim, é a saudade que impele meus dedos ao teclado, nesta manhã de quase inverno, aqui na serra, na "Petrópolis do Cerrado". Tenho os pés imobilizados e o coração saudoso. Meu pensamento bate em Minas e volta cheio de perguntas. Que distância é essa que nos impomos à toa? Por que?

Nesta manhã de quase inverno me permito um pedaço de calmaria em meio a tanto desassossego. Mas o que me aflige não importa. Importa que tenho saudade. E como me dou conta disso? Assim, ó. Olhando coisas de música, do Clube da Esquina, de Milton e . Escutando história e me identificando. Vendo a vida deles tal qual a minha. E imaginando que nós, maestro, não teremos uma esquina como a deles, mas nada nos impede de inventar o nosso próprio clube.

Me dou conta de que não são poucas as coisas que já fizemos juntos. Assim como é duradoura e sincera a nossa amizade. Foi por suas mãos que me vi tentado a subir em um palco e me arriscar em tão deliciosa aventura - a de cantar.


Foi pela tua provocação que compreendi - algumas das coisas que escrevo, pensei poesia, mas já nasceram música. Conto os arquivos e vejo que já temos seis ou sete canções compostas. Canções que não se encaixam em um modismo ou um estilo carimbado. Mas que me parecem ter muito das suas raízes mineiras e das minhas, maranhenses.

Entre as que já fizemos, "Brincadeira" é uma das que mais gosto. É música de amigo, de criança, música de ladeira, e de brincadeira. Enquanto canto, sinto uma lufada de vento no rosto. E o arranjo é a própria cara do interior de Minas. Como você tão bem costuma fazer.


Num outro momento, fizestes de uma poesia minha uma das mais lindas canções do nosso vasto repertório. Razão sem paixão surgiu despretensiosa, como uma poesia de fim de dia. E, originalmente, nem se chamava assim, como eu conto num post antigo, aqui do blog. Na minha modesta opinião, depois de pronta e acabada, a música ficou com a cara das coisas feitas por Paulinho da Viola. E rendeu até um clipezinho caseiro.


Hoje, revendo as coisas do Clube da Esquina, recolhido - por força da necessidade - ao meu canto, senti uma saudade imensa de te encontrar de novo. De jogar conversa fora, de te ajudar a por letra em músicas que já estão feitas; ou de escrever poesias para que ganhem os teus arranjos musicais tão preciosos.

Enquanto isso não acontece, escrevo pra dizer da minha saudade. Quem sabe, isso ainda vire música. Quem sabe...

Vim de longe pra dizer
amigo ainda estou aqui
não pense que fui embora
não diga que te esqueci

a minha história e a tua
só servem pra confirmar
nascemos na mesma rua
não vamos nos separar

As letras que escrevo agora
que até parecem poesia
nas cordas de tua viola
já vão virar cantoria

Faz horas que não te vejo
mas isso não quer dizer 
que a nossa amizade morreu

Enquanto houver um desejo
pra essa moda de viola 
quem faz a letra sou eu


sábado, 5 de maio de 2012

Wild World

Uma antiga, bem antiga. De quando o cara ainda se chamava Cat Stevens ( já faz algum tempo ele aderiu ao Islã, assumiu outra identidade e passou a chamar-se Yusuf). A sua crença mudou, mas a qualidade das suas música permanece. Essa, em especial, me remete às manhãs de uma infância maranhense. Pela sonoridade, pelo tempo, pelos primeiros amores. Wild World.  Pra começar o sábado.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Horizonte aberto

Pra fechar a noite de sábado. Um belo e aberto horizonte.

Um casamento

Edmundo e Cris
Fotos desse post: Vanessa Kohler
Cris Guerra casou. Faz poucos dias. Com Edmundo Bravo. E todo mundo ficou sabendo. E todo mundo foi dar uma olhadinha lá, no casório deles. Os que não estiveram na festa, estiveram na rede. Na rede, onde tudo está ao alcance dos olhos, onde tudo se vê. Eu fui desses  que acompanhou a história do casamento da Cris e do Edmundo pela rede, desde o dia em que eles decidiram casar e comunicaram: "Vamos casar". Aliás, foi na rede e depois pelas mãos da publicitária mineira Soraya Bones que conheci a Cris, mas isso é outra história.

Por conta disso, busco na memória a lembrança de casamentos famosos. De bate-pronto, me vêm duas imagens: Jackie Kennedy e Lady Di. Claro são tempos distintos. Algumas décadas e muitos bytes separam essas duas personagens e seus respectivos casórios, da nova aventura emocional da Cris e do Edmundo.

Também não quero comparar estilo, suntuosidade, realeza ou prestígio das primeiras com o luxo delicado do casamento da Cris. Não, não falo disso. Mas o casamento da Cris e do Edmundo, guardadas todas as proporções, foi um verdadeiro "acontecimento" na blogosfera. Digno de uma Jackie ou de uma Lady Di dos tempos modernos.


De alguma forma, a festa virtual teve as bênçãos de milhares dos seguidores da Cris. A festa real teve a dedicação da Odette Castro e a leveza de um batalhão de profissionais da linha, da moda, da imagem, do sabor e do alto astral.


Festa assim é coisa rara. Como rara é a história dessa menina. E agora, dos dois. Aliás, dos três (contando com o Francisco, filho da Cris). Cris dá um tempo do blog uns dias para uma justa pausa. Mas os ecos do seu casamento permanecerão na rede de forma quase indelével. As fotos magistrais feitas pela Vanessa Kohler (a quem peço permissão para republicar aqui) asseguraram para a eternidade frações de tempo. Fragmentos de uma felicidade única, dupla e coletiva. Tudo junto.

Um casamento. Um conto de fadas pós-moderno. Um romance virturreal. Uma delícia de história que a gente torce, aqui de longe, pra ter vida longa e feliz.





quinta-feira, 3 de maio de 2012

Olhar de fotógrafo

Por Clausem Bonifácio*



"Voltando de uma viagem recente. Perto de Brasília. Olhei no retrovisor e não resisti... Parei e fotografei... Prova que ainda gosto do que eu faço." 


*Clausem Bonifácio 
é fotógrafo 
e vive em Brasília. 
E não precisa dizer muito mais. 

Amigos

O Maurilo, do Pastelzinho, postou. Via Brokolis do Brasil, do Paulo Emílio e do Konan, dois bons e velhos amigos. O filme, como diz o Maurilo, é "duca"! É um bom jeito de começar o dia. Amizade, pra valer.

terça-feira, 1 de maio de 2012

No centro do Planalto Central

Porque as coisas acontecem como devem ser. Como se não fosse tão longe. Como se não fosse tão certo. Como se faz, com todo cuidado. Cuidar de amor exige mestria. De amizade, mais ainda. Para Eliane Oliveira, que vai sair da Itália, atravessar o Oceano Atlântico, trazendo as raízes de lá, para reencontrar e não esquecer as daqui.

300


Pode significar um detalhe bôbo pra muita gente. Mas, pra mim, é um dado muito significativo. É um marco na curta história deste blog. Se você olhar bem ai, ao lado, vai ver que atingimos a marca de 300 seguidores.

Da mesma forma que costuma dizer a Iara Maurente, amiga lá das bandas do Rio Grande e leitora fiel destas coisas cotidianas que escrevo aqui, acho essa palavra "seguidor" meio inadequada para traduzir essa relação virtual. Prefiro leitores, companheiros de aventura, ou seja lá o que for.

Embora, ao clicar em um campo e definir-se como seguidor, eu compreenda que quem faz isto esteja, sim, demonstrando um apreço maior, um carinho especial com o escrivinhador destas mal-traçadas linhas. E isso é respeitável. E é estimulante. Eu diria mesmo é a dose de carinho diária e necessária para seguir escrevendo e vivendo.

Então, seguidores, leitores, companheiros de viagem, ou o que quer que sejam, sem necessidade de rótulos, recebam o meu abraço e o meu carinho. Muito obrigado pela companhia. E que eu tenha competência para escrever novos textos e contar novas histórias que motivem outras pessoas e chegarem até este espaço e se sentirem em casa. Valeu, pessoal. E que venham outros 300, e mais 300, e mais 300...

Mês de Maio

Começou. Está começando. Maio.

Tem muita homenagem ao mês, ao trabalhador, às noivas e mães. Tem muita homenagem... Respeito a todas. Mas quero começar esse maio ao som de Almir Sater. Nem é uma homenagem. É só um jeito de ver o maio por um outro prisma. Pela poesia e pela delicadeza da canção de Almir.

O vídeo é amador, mas vale pelo esforço de quem o fez. Vale pela poesia e pela música. Vale pelo mês de maio. Por Almir e por todo mundo que também achar que maio, dito assim, também faz todo o sentido.

No calor do inverno


Por Mariza Poltronieri

Os dias frios estão chegando de mansinho, como convém a quem está sob o trópico de capricórnio. O inverno por essas bandas é curtíssimo o que não acontece com nosso verão, que se mistura com a primavera e parte do outono, convidando-nos a nos espalhar por diversos lugares. Verão é tempo de conhecer gente, tamanha a vontade de sair, visitar todos os bares e onde tiver mesa, principalmente sobre calçadas.

Se o verão é expansão, o inverno é recolhimento, reservar-se dentro de casa com familiares e amigos já feitos. Pede afeto e comidinhas suculentas, o calor que é preciso para atravessar a estação. As bebidas geladas são substituídas pelas quentes, um chá ou chocolate quente para os comedidos, um vinho para os comedidos que querem um aquecimento maior. Tudo é bom, tudo é um acontecimento, pretexto para se embolar com pessoas queridas.

Melhor representante para o inverno é a sopa com suas variações, pedaçudas, cremosas e caldinhos, acompanhados de um bom queijo parmesão ralado e pãozinho francês, porque pecar é preciso.

Se isso tudo aquece o corpo, conversar aquece a alma, somar as duas coisas em um dia frio é uma questão de sobrevivência. É a lei da Terra e a gente só obedece.


Creme de abóbora com manjericão

Creme de Abóbora - Foto: Felipe Ramalho

Ingredientes:

·      1 1/2kg de abóbora descascada e cortada em cubos
·      2 xícaras (chá) de alho poró picado
·      3 dentes de alho picado
·      100ml de azeite de oliva
·      1 1/2 litro de água
·      2 tabletes de caldo de galinha
·      400g  de creme de leite fresco
·      Sal a gosto
·      1 pitada de pimenta do reino ralada na hora
·      1 pitada de nóz moscada ralada na hora
·      1 colher (sopa) de açúcar
·      1/2 xícara (chá) de folhas de manjericão (separe algumas folhas)
·      Queijo parmesão o quanto baste para polvilhar
·      Croutons para acompanhar

Modo de preparo:

Doure em uma panela o alho poró e o alho no azeite de oliva. Acrescente a abóbora e o caldo
de galinha. Cozinhe por 30 minutos ou até que a abóbora esteja bem macia, coloque o creme de leite e deixe reduzir até um terço do volume. Coloque o manjericão e bata no liqüidificador. Volte para panela e tempere com o açúcar, o sal, a pimenta do reino e a noz moscada. Sirva bem quente com folhas de manjericão e  croutons. 

*Mariza Poltronieri é culinarista em Maringá, PR. E tem espaço garantido aqui, para escrever sempre que quiser, sobre alquimia gastronômica. Ou, sobre o que ela desejar.